Nos primeiros 20 dias de janeiro deste ano a rede de lojas da empreendedora acreana Daniella Barcellos teve apenas dois dias com o quadro de funcionários completo. Com a terceira onda da pandemia do Covid-19 e a chegada da variante Omicron, que tem velocidade de contágio mais rápida que as anteriores, os empreendimentos enfrentam dificuldades para preservar a saúde dos funcionários e manter as portas abertas.
Em órgãos públicos a alternativa foi o atendimento online. Nesta semana, o Departamento Estadual de Trânsito do Acre (Detran-AC) fechou o prédio por três dias após funcionários testarem positivo para Covid-19, as unidades do órgão na Capital e no interior vão ficar fechadas entre os dias 19, 20 e 21, para higienização e desinfecção dos prédios. Já na Assembleia Legislativa Legislativa do Acre (Aleac), os atendimentos e sessões presenciais estão suspensos desde o dia 18 deste mês. No Estado, a alta demanda por consultas médicas e a infecção em servidores da linha de frente fizeram a Secretária anunciar um concurso ainda para o primeiro semestre do ano.
Tais alternativas não são possíveis para lojistas ou pequenos comércios que dependem da venda presencial. No caso da rede de lojas de moda feminina, da qual Daniella é sócio-proprietária em Rio Branco, a equipe foi afetada no início de janeiro. Com um quadro reduzido, de 12 pessoas, a empresária relata que no dia 4 deste mês uma das funcionárias testou positivo para a doença. Com isso, no mesmo dia, a empresa resolveu examinar toda a equipe e descobriu mais três pessoas infectadas.
“Já estávamos atentas com relação à terceira onda durante dezembro, devido as notícias da imprensa. Em dezembro mesmo tivemos muitas funcionárias gripadas, praticamente o mês de dezembro inteiro a gente teve problema com síndromes gripais. Mas a empresa sentiu o impacto já na primeira semana de janeiro. De imediato esses 4 positivos foram isolados.O período de afastamento foi diferente, de 5 a 11 dias, de acordo com o estado. Apenas uma foi assintomática e duas ficaram bem ruim, precisaram de assistência médica”, relata.
A empreendedora afirma que todas as funcionárias foram vacinadas com as duas doses da vacina e recebem orientações de saúde constantemente. Dessa forma, ela percebe que os sintomas foram mais leves na maioria, mas que o isolamento é essencial para a recuperação e a proteção da equipe e dos clientes. “Nossa preocupação agora é com o excesso de atestados. Com a vacinação o risco de morte diminuiu realmente, mas as empresas vão sentir a quantidade de atestados. Nunca tivemos tantos atestados ao mesmo tempo, nem na primeira onda, nem na segunda. Essa terceira onda já assusta com esse volume de contágio, com esse volume de atestados médicos”, explica.
No início da pandemia, Daniella conseguia dispensar temporariamente as funcionárias que tinham entrando em contato com alguém diagnosticado com Covid-19, mas relata que neste período tal medida seria inviável. Pois praticamente todas as funcionárias relataram que alguém próximo foi diagnosticado neste mês. Na última semana, a Sesacre chegou a registrar mais de mil infectados em um dia.
“O negócio afeta quando a gente não consegue cobrir esse funcionário, então compromete sim o atendimento ao público, compromete o desempenho das funções. A gente, já com uma equipe mais restrita, compromete o desempenho, no caso das nossas vendas e compromete o atendimento porque elas estão mais sobrecarregadas”, explica.
Sem muita alternativa, a empresária aposta na comunicação interna e nas medidas de saúde. O uso de máscara é obrigatório, assim como o do álcool em gel. Além disso, para as funcionárias que tiveram contato com alguém que testou positivo para Covid-19, há o isolamento em momentos de mais vulnerabilidade, como no horário de almoço, e a observação.
“A gente tem redobrando o diálogo sobre isso com as funcionárias, pedimos diariamente que ela falem o que estão sentido, que falem com a família, conscientizem a família. Temos pedido muito essa reponsabilidade para não colocar a equipe em risco, para evitar aglomerações”, afirma Daniella.
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