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Schadenfreude: O prazer silencioso na desgraça do outro

                              

Schadenfreude é um empréstimo linguístico da língua alemã que significa “alegria pelo mal”, ou seja, designa sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio de um terceiro.  Existe uma distinção entre schadenfreude discreta – o sentimento íntimo pessoal – e schadenfreude pública – que se expressa abertamente mostrando escárnio, ironia ou sarcasmo perante a desventura sofrida por um terceiro. Na língua portuguesa, o sentimento de satisfação pelo infortúnio de outro se expressa na  seguinte exclamação: “bem feito a ele ou ela” (schadenfreude pública).

Portanto, Schadenfreude, essa palavra da língua alemã,  trata-se  de um sentimento de prazer diante da desgraça alheia. Em maior ou menor grau, todas as pessoas são atraídas por acontecimentos trágicos, quando envolvem terceiros, como é o caso do  aglomerado em torno de acidentes de trânsito. As pessoas param para olhar.

Em muitas situações da vida, como em face de crimes hediondos (caso Isabela Nordone) ou um mal  grande (como o covid-19), a curiosidade é tamanha que as pessoas são levadas a acompanhar o desdobramento dos fatos. E como a desgraça exerce atração sobre muita  gente, a mídia não se furta de veicular, massivamente,  aplicando-lhes o devido sensacionalismo, no intuito de audiência e ganhar dinheiro.

O nosso interesse grande  é também porque não foi conosco, e sim com os outros, uma sensação de alívio íntimo, por não termos sido nós as vítimas daquilo. Por isso mesmo, nós humanos, nos aliviamos, maior parte das vezes, com desgraças maiores, porquanto as menores nós já sofremos ou estamos passando e superando.

De outra parte,  olhamos aquilo tudo com empatia, colocando-nos no lugar de quem sofre, de quem vê sua vida devastada por uma tragédia sem precedentes, exercitando nosso lado mais humano e solidário. Assim, enviamos donativos (caso de Mariana) as vítimas que perderam tudo o que tinham; depositamos dinheiro para ajudar entidades beneficentes, dessa forma nos sentimos melhor e mais aliviados.

No entanto, há quem sinta um prazer clandestino em assistir a fatos desagradáveis, como se estivesse se divertindo com aquilo. Isso fica muito evidente quando vemos pessoas torcendo para que o Governo, ao qual elas se opõem, aja lesivamente, cometa erros, como se avista no Governo Bolsonaro.  Muita gente torce pelo pior, esquecendo-se que  o Brasil é nossa pátria e ele o Presidente eleito pelo povo. Quando Bolsonaro aperta a mão do povo, nessa pandemia, a Globo mostra com grande estardalhaço e diz: “olha, o Presidente passou a mão no nariz”, na esperança que algo de ruim lhe aconteça, que seja “bem feito”, porque é um desafeto da Rede Globo. Isso é péssimo, o papel da imprensa e informar e não fomentar opinião em ninguém sobre alguém. Isso se chama política do mal.

Entendo que, se faz parte de nossa natureza nos sentirmos atraídos pela desgraça do outro, cabe-nos direcionar esse sentimento de forma positiva, adotando uma postura empática e solidária, para que, caso não ajudemos, também não atrapalhemos, tampouco fomentemos a maldade. É preciso, afinal, muito cuidado com o que sentimos e com o que desejamos, pois os desejos às vezes se realizam, inclusive aqueles inconfessáveis.

De todas as vivências humanas, percebe-se, após algumas leituras, que a inveja é um grande mal, pouco estudado e nada abordado, sob o olhar da ciência. Mesmo assim ela é tão reprimida, nas sociedades, quanto à sexualidade foi no passado. É algo muito danoso e nocivo numa sociedade. Tanto isso é verdadeiro que em todos os idiomas, desde os mais primitivos até as línguas indo-europeias, arábicas, japonesa e chinesa, há um termo para designar a pessoa invejosa. Então, considerada uma disposição de espírito, a inveja foi definida por Spinoza (1999) como “o ódio que afeta o homem de tal modo que ele se entristece com a felicidade de outrem e, ao contrário, se alegra com o mal de outrem”. É, verdadeiramente, a realização do mal pelo bem ou a felicidade de outrem.

A inveja é, portanto, um fenômeno universal; conceituá-la, entretanto, não é tarefa fácil. Primeiro, ela é usualmente confundida com o complexo sentimento de ciúme, e esta discriminação precisa ser feita. Outra dificuldade vem das possíveis gradações deste sentimento. É por aí que se ouve falar de uma inveja boa, bem próxima de uma admiração e fácil de ser admitida, em oposição à “inveja ruim”, esta sim, semelhante à palavra em alemão Schadenfreude, que consiste num verdadeiro tormento diante da boa sorte alheia e um extremo prazer com o seu infortúnio.

A inveja é um fenômeno humano universal, atemporal e inevitável. Faz parte da estrutura do psiquismo humano e atua sobre a cultura humana e sobre nossa organização social. A forma, entretanto, de lidar com este sentimento varia de acordo com o equilíbrio emocional e a autoavaliação que cada um de nós faz de suas qualidades, capacidades e merecimentos diante das circunstâncias da vida.

 

DICAS DE GRAMÁTICA

TINHA ENTREGUE OU TINHA ENTREGADO?

– Entregue é verbo irregular e deve ser usado com ser e estar:

A prova do crime foi entregue à polícia.

A correspondência foi entregue à moradora errada.

Pronto, sua pizza foi entregue.

– Entregado é regular e deve ser usado com ter e haver:

Ele tinha entregado os livros na biblioteca após o prazo.

Havia entregado os documentos à pessoa errada.

 

NÃO ERRE MAIS (Fale corretamente)

 

Corroborar = confirmar

Prescindir = desprezar

Precípua = principal

Atenuar = minimizar

Infligir = punir

Infringir = desrespeitar

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Luísa Karlberg –

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