Para mim estes saldos nunca foram esquecidos. A verdade é que deixaram de nos lembrar, por isso deixamos de receber.
Impossível não comentar sobre o assunto da semana, já que o Banco Central anunciou que a partir do próximo dia 14 de fevereiro retomará a disponibilização da consulta dos chamados saldos esquecidos. O serviço foi disponibilizado pelo Banco Central no último mês de janeiro, mas teve que ser suspenso em razão da grande quantidade de acessos, o que travou o sistema e fez com o que Banco Central retirasse o serviço do ar por alguns dias para manutenção.
São desde parcelas do seguro desemprego, abono salarial e até saldo em conta poupança, além de vários outros benefícios financeiros que as pessoas deixaram de receber.
Exemplo disso ocorre quando um trabalhador deixa de receber a última parcela do seguro desemprego, por pensar que o benefício já havia cessado. O mesmo também ocorre quando uma família da classe média da década de 80 criou uma conta poupança pensando no futuro dos filhos, o que era uma tradição na época – ocorre que muitas dessas pessoas já faleceram e os seus filhos que hoje são adultos nem sabem da existência dessas contas bancárias.
Pessoal, quando os bancos precisam cobrar débitos e taxas de manutenção de sua conta corrente, eles não esquecem, mas quando você precisava receber alguma coisa deles, o resultado é essa consulta atrasada oferecida pelo Banco Central.
Em casos como esses, as instituições financeiras poderiam ter adotado correspondências informando sobre esses saldos, como também poderia ter disponibilizado essas informações quando o cidadão comparecesse à uma agência bancária, para fazer um simples procedimento, como uma prova de vida, por exemplo.
Vale lembrar que ao mesmo tempo que ocorreu esse esquecimento bancário, essas instituições financeiras também se modernizaram e poderiam ter adotados diversos meios que possibilitam o acesso à informação pelo cidadão.
Num país com cerca de 11 milhões de analfabetos, segundo o IBGE, pode muito bem acontecer do cidadão deixar para trás um PIS, PASEP e até investimentos em consórcios. A falta de instrução da população ainda vai deixar muitos recursos esquecidos, embora exista um empenho do Banco Central para que as pessoas saquem os seus valores.
Para mim estes saldos nunca foram esquecidos. A verdade é que deixaram de nos lembrar, por isso deixamos de receber. Essa devolução atrasada é tipo uma brincadeira de mau gosto do tipo “fingir que não viu”.
É uma injustiça muito grande manter retido um benefício que era esperado por uma pessoa que até já faleceu, na verdade perde o seu verdadeiro objetivo. Como já disse anteriormente, uma cartinha de aviso na época poderia ter sido suficiente para lembrar o cidadão sobre o direito financeiro que lhe aguardava.
Os R$ 8 bilhões anunciados pelo Banco Central é um valor expressivo e vergonhoso, um recurso que gerou rendimentos e benefícios para a União e para instituições financeiras envolvidas durante todo esse tempo.
Mesmo assim, é importante informar para o cidadão que essa consulta poderá ser realizada a partir do próximo dia 14 de fevereiro, diretamente no site do Banco Central ou por meio de aplicativo da sua conta bancária.
O cidadão precisa ficar atento aos golpes que já estão disponíveis no mercado com relação direta com essa consulta. Para se ter um pequeno exemplo, o Banco Central não entrará em contato com o cidadão para oferecer o benefício, portanto se você receber uma mensagem ou ligação telefônica, você deve desconfiar.
A consulta e a solicitação de resgate podem ser feitas diretamente no site do Banco Central por meio do Sistema de Valores a Receber.
Vale lembrar que também podem ser encontrados recursos pelo pagamento de consórcios, tarifas e taxas cobradas indevidamente da sua conta corrente. Mesmo que sejam pequenos saldos, o cidadão poderá requerer o resgate.
Tanto pessoas físicas como jurídicas podem realizar esta consulta junto ao Banco Central. Portanto, não perca tempo e aproveite para fazer a consulta e o resgate assim que o sistema ficar disponível novamente, porque nós não sabemos até quando essas informações vão ficar disponíveis.