A fraude do WhatsApp clonado (1)
A chamada Revolução Digital trouxe para os brasileiros um novo conceito de normalidade: é quase impossível um cidadão viver sua rotina sem acesso à informática e à virtualidade.
A cada dia um novo processo de automatização de atividades humanas é iniciado ou aperfeiçoado com base em novas tecnologias.
Desde o surgimento da rede mundial de computadores, a conectividade passou a ser um instrumento social que atingiu níveis inimagináveis e pulverizou fronteiras físicas.
Atualmente, a criação e o desenvolvimento de ferramentas como o Big Data, o Wi-fi, as Mídias Sociais, os Aplicativos, a Inteligência Artificial e a tecnologia 5G, proporcionam uma facilidade fundamentada na velocidade das ações humanas, incluindo as diversas formas de relacionamentos e atividades de natureza comerciais, negociais e afetivas.
O mundo digital impôs à sociedade a necessidade de aprender a ser comunicar virtualmente. Tornou-se quase obrigatório o uso de tecnologias como plataformas de ensino e transações bancárias, além de sites de compra e venda e afins.
Como desdobramento natural do uso desenfreado do universo paralelo virtual, surgiu a criminalidade cibernética, quase sempre muito rentável no que se refere a fatores circunstanciais como a falta de punição estatal e as vantagens financeiras.
Os delinquentes virtuais utilizam-se de erros de programação, falhas de segurança, engenharia social e, em especial, da falta de preparo e conhecimento da população, além de questões subjetivas como a ambição, carência e a ingenuidade, para praticar os mais diversos crimes, como clonagens de cartões de crédito, extorsões, divulgações de fake news, além de fraudes conhecidas popularmente como golpes virtuais.
É justamente no cenário dos golpes virtuais que pretendemos auxiliar a população acreana com informação: a maior ferramenta de prevenção para os crimes cibernéticos.
Portanto, vamos apresentar de maneira simples e concisa os tipos de fraude mais praticados por meio do uso da internet, e, principalmente, como se prevenir deles.
Iniciamos a série de textos preventivos com a modalidade de golpe mais aplicada nos últimos tempos. O já conhecido “golpe do WhatsApp clonado”.
Segundo a empresa de segurança digital PSafe, somente no ano de 2020 mais de 5 milhões de usuários no Brasil tiveram o WhatsApp clonado, um total diário de mais de 13 mil vítimas.
O golpe é aparentemente simples, sendo praticado em 03(três) etapas.
A primeira ocorre com a obtenção de dados extraídos da própria vítima por meio de técnicas de engenharia social. Via de regra o criminoso encaminha mensagens/links (sms) ou E-mails simulando serem originadas de entidades que inspiram credibilidade, de empresas famosas, de órgãos governamentais e, até mesmo, do próprio WhatsApp, ocasião em que oferecem alguma vantagem ou promoção.
Com o acesso das mensagens/E-mails e o fornecimento do código de verificação pela própria vítima, a segunda etapa do golpe está consumada. Os códigos são a ferramenta necessária para o golpista logar o aplicativo WhatsApp em outro dispositivo.
Na terceira e última etapa, os fraudadores usam toda sua expertise para ludibriar outras vítimas. Via de regra, eles passam a agir como se fossem a vítima em diálogos com amigos e parentes, afirmando que estão precisando urgentemente de certas quantias em dinheiro via transferências bancárias, conseguindo assim auferir vantagens indevidas.
Aqui é importante ressaltar que com o surgimento do PIX (transferência/pagamento bancário eletrônico em até 10 segundos), o golpe ganhou ainda mais força, pois dificulta o estorno dos valores pelas instituições financeiras.
Mas o que é necessário para o povo acreano não ser vítima de um golpe semelhante?
Existem ações básicas de prevenção para cada etapa do golpe.
- PRIMEIRA ETAPA:
- Evite divulgar dados pessoais e números de telefone em redes sociais: com o uso das técnicas de engenharia social os criminosos conseguem ter acesso a dados essenciais para o golpe;
- b) Sempre desconfie: ao receber mensagens /links (sms) supostamente de entidades que possuem credibilidade, empresas famosas, órgãos governamentais e afins, nunca clique, nem forneça dados ou códigos de verificação em respostas a SMS (e afins). Verifique antes em outras plataformas como em uma simples consulta no google o teor da mensagem ou até ligue para a empresa pelos canais oficiais de comunicação.
- SEGUNDA ETAPA:
- Ative a verificação em duas etapas no seu aplicativo WhatsApp e em outros semelhantes. Esse recurso possibilita um reforço na segurança de acesso ao aplicativo, dificultando o golpe;
- Desative sua conta imediatamente caso o aplicativo WhatsApp seja desconectado do seu smartphone e evite utilizar a função “múltiplos aparelhos”: o aplicativo de mensagens só funciona em um smartphone, portanto caso ele apareça como desconectado é um indício evidente de um golpe em andamento. Em relação a nova função de acessar o aplicativo de um smartphone e de até 03(três) computadores, é recomendado a não utilização do recurso por questões óbvias de segurança.
- TERCEIRA ETAPA:
- Nunca transfira dinheiro ou faça pagamentos sem antes tentar manter contato/comunicação com o titular da linha de WhatsApp.: desconfie sempre. Não custa nada tenta entrar em contato com o titular da linha pessoalmente ou contatar um terceiro próximo. Isso facilmente trará a informação de que ser trata de um golpe.
A última dica, não tão menos importante, é o que fazer caso alguém, mesmo depois de se prevenir, ainda seja vítima do golpe do WhatsApp clonado?
Aqui também é preciso executar três ações. A primeira é bloquear o seu chip telefônico na operadora por meios dos canais de comunicação oficial.
Em seguida desative sua conta enviando um e-mail para a empresa WhatsApp no endereço: [email protected]. No o assunto do e-mail insira a frase “Perdido/roubado: desative a minha conta” e no corpo repita a frase e digite seu número de celular com o DDI e o DDD apropriado, logo depois sua conta será desativada.
Não esqueça de avisar aos seus contatos de que você foi vítima de golpe e registrar, o quanto antes, um boletim de ocorrência. No Acre, pela ausência de um verdadeiro aparato de investigação de crimes cibernéticos em decorrência da falta de atenção estatal, a apuração dos crimes virtuais ainda é feita nas delegacias dos bairros.
Lamentavelmente, a percepção da sociedade sobre os golpes e os riscos inerentes ao universo virtual ainda é fragilizada. A população continua utilizando seus dispositivos e acessando aplicativos de redes sociais, internet banking e jogos virtuais, dentre outros, de maneira inconsequente e sem qualquer preparo na educação digital, abrindo espaço para múltiplas vulnerabilidades que ocasionam a ação dos criminosos.
Por isso estamos aqui para colaborar na prevenção dos golpes de internet com muita informação. Siga-nos nas redes sociais: @apptuts.bio/roberthalencar. Siga também os especialistas em crimes cibernéticos @linktr.ee/delbarreto19. www.higorjorge.com.br/. @linktr.ee/emersonwendt para outras dicas importantes.