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Dono de boate acusado de transfobia alega que jovens chegaram depois do horário promocional para mulheres

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O caso aconteceu na noite do último sábado, 5, na fila da boate, em que mulheres não pagam para entrar até as 22h30 (Foto: Reprodução Instagram)

Nesta semana, as jovens trans Giovanna França e Jo Larah denunciaram os proprietários de uma casa noturna, da cidade de Cruzeiro do Sul, e um policial militar, por transfobia. Elas alegam que foram impedidas de usufruir da entrada gratuita para as mulheres por não serem reconhecidas como tal. Ao site A Gazeta do Acre, o empresário Fábio Barros deu a versão dele do ocorrido, e disse que elas não entraram de graça porque chegaram após o horário da promoção.

O caso aconteceu na noite do último sábado, 5, na fila da boate, em que mulheres não pagam para entrar até as 22h30. Segundo Giovanna, elas chegaram ao local às 22h e foram barradas por Fábio que, segundo ela, disse que elas deviam pagar para entrar porque “estavam se vestindo de mulher”. O empresário nega a situação e diz que elas chegaram depois do horário promocional.

“Lá, até 22h30, mulher é liberada para entrada. Então, o que acontece, passou de 22h30, eles chegaram lá para entrar, mas eu disse assim: ‘não’. ‘Mas somos mulheres’, mas eu disse ‘não’. E eu disse assim: ‘enfim, tanto homens quanto mulheres estão pagando entrada’. Mas aí eles começaram a fazer um barraco lá, aí eu liguei para o 190, chamei a polícia”, contou Fábio.

Giovanna relatou que ambas já haviam entrado no local outras vezes, mas que essa foi a primeira vez que o dono do local estava na portaria da boate. Fábio reforça que elas só não entraram, desta vez, por estarem atrasadas e nega qualquer diálogo transfóbico.

“Eu trabalho há 15 anos na noite, fiz contato com todo mundo e nunca aconteceu isso com nenhum cliente em Cruzeiro do Sul, então, para nós, tudo isso é novo. Mas, o que aconteceu lá não foi porque foi barrado por ser trans, foi porque deu o horário. Se deu o horário, a gente não vai liberar”, afirma.

Na última quarta-feira, as jovens foram à Delegacia da Mulher da cidade e ouvidas também pelo Ministério Público do Acre. Um vídeo gravado, quando o policial militar chegou ao local, registrou a tentativa de conciliação entre os envolvidos. Entretanto, o caso não foi resolvido, e é possível ouvir as seguintes falas do policial: “porque que vocês entraram e hoje não entram ele já explicou. Que mulher que não paga, vocês pagam!” e “Eu tô dizendo que vocês não são mulher” (sic). A esposa de Fábio também aparece no vídeo, mas preferiu não se pronunciar a nossa equipe.

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“Essas situações… Eu vou até na promotoria, vou conversar com o promotor. Eles tem que explicar para nós, tipo assim, como é que eu vou colocar no meu material de divulgação, as situações? Tudo isso a gente tem que aprender também”, afirma.

Giovanna e Jo fizeram o boletim de ocorrência por transfobia, que é considerado crime, desde 2019, a partir da Lei do Racismo. Fábio defende que não houve transfobia:

“Lá na boate, a gente trata todos bem, todos são bem recebidos. Qualquer gênero, seja homem, seja mulher, seja trans… Qualquer pessoa é bem recebida na nossa boate, a gente trata bem, não tem esse negócio. A gente está à disposição, nossa equipe toda, sempre trabalhando com transparência. Nunca aconteceu isso com a gente, todos são bem-vindos a nossa casa, que, em Cruzeiro do Sul, é uma das mais frequentadas por todos os gêneros”, concluiu o empresário.

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