Olá, devanetes queridas!!! O tom hoje é um pouco mais solene e melancólico, mas não menos feliz e grato. Há exatamente uma semana, experimentava, novamente, a desventura de alguém amado fazer a passagem para um outro plano, ou qualquer explicação desse tipo, pois, no real, sempre será, aos olhos dos vivos, o morrer um grande mistério.
Afinal: o que é a morte?? Para onde iremos?? Seremos punidos ou não?? Enfim….A “perda” se deu… Fato incontestável. Entretanto, só consigo agradecer. Desde do dia 4 de março de 2022, fui consumida pela GRATIDÃO. Sou uma mulher feliz. A razão??
Ora, tive a oportunidade de, nessa vida, vir como filha de um grande PAI, e nora de um grande SOGRO; meus filhos, netos de um grande VOVÔ. No dia em que seria aniversário dele (comemorado por todos, sempre), contrastando com uma tristeza profunda, eu sentia uma poética alegria, que assim como os versos estavam rimando com a vida: nascer-crescer-morrer…
Enterrava meu querido sogro WASHINGTON JORGE FILHO. Aos olhos de muitos, um grande MÉDICO; aos meus olhos também, um grande SOGRO. Coincidência ou não (aos olhos de Deus, não existe, segundo alguns…risos), dia em que, exatamente, fazia 21 anos de relacionamento (namoro-casamento) com meu marido. Portanto, a metade da minha existência, vivi e convivi com esse ser de luz e, assim como ele mesmo dizia, em alto e bom som, o regalei com três preciosos presentes (Giovanni, Pietro e Anna).
Obviamente, vocês, leitores queridos, não têm nada a ver com isso, mesmo sabendo que adoram participar da vida de quem vos escrevem, mas a pergunta que lanço para reflexão é essa: vocês têm celebrado em vida as pessoas que amam??
Vejam bem, diante de tantos fatos inusitados que contei, e vivendo esses dias de luto, em quais a nossa sociedade convencionou tantos rituais de homenagem e consagração, fico imaginando e me perguntando se, nos dias que ele viveu, sentiu-se celebrado?? Sentiu-se amado??
Embora não tenha “procuração” dele, mas, com uma observação ativa, na convivência que tinha com o Dr. Washington, percebia que, sim, ele demonstrava ser uma pessoa agradecida por todos os afetos, homenagens, singelos abraços, atenção que recebia por todos.
Ele sempre fez muito por todos que o rodeavam, desde zelar sua amada Carmen (esposa), como acompanhar os filhos Zita (in memorian), Jorge Neto e Paula, amorosamente, dialogando e protegendo, atitudes que o levaram a ser um avô presente e, como dizem meus filhos, a ter uma autoridade natural. Médico de alma e corpo, amava sua profissão e a viveu como um sacerdócio, até os últimos dias. Preocupava-se com a saúde de todos e receitava medicamentos que traziam o alívio dos sintomas e a “cura”. Se pudesse definir como este homem foi especial diria uma palavra: RESPONSABILIDADE. Era responsável em todas as funções que desempenhava, não existia o “qualquer jeito”, existia o fazer com amor, com habilidade de dar conta dos seus atos magnificamente.
Uma das coisas mais linda que vi fazer, dentre tantas, era quando os filhos chegavam da noitada típica da juventude, ele sentava, na madrugada, acompanhando-os para comerem algo, e conversava, conversava e devaneava com seus amados (ele falava assim…) E se encantava e se divertia com as coisas mais triviais de nossa existência.
Numa sociedade machista, na qual a ganância fala mais alto, meu sogro conseguia romper esses grilhões do tempo, sendo um homem que não via diferenças entre gênero e exercendo sua atividade com amor e caridade, acima de qualquer coisa.
Nasceu e morreu no estado de São Paulo, mais teve uma vida no Acre, dizia sempre que se sentia acreano, já que viveu 30 anos aqui, tinha uma nora acreana e três netinhos. Honrou cada passo de sua trajetória e celebramos muito ter ele conosco.
Celebrem os seus, assim como Sr. Washington fez, de forma simples, singela e amorosa. Nos excessos que vivemos, um olhar afetuoso, uma atenção presente e um abraço apertado fazem a diferença.
Sogro, celebramos a sua linda trajetória de vida e eu, especialmente, celebro dessa forma, escrevendo e devaneando sobre sua biografia escrita com amor.