“Não ter regras implica que todos estejam cientes dos processos e consequências.”
A relação de trabalho é tão antiga quanto o velho mundo. Posso inclusive dizer que esta relação emerge sempre que pessoas aliam suas forças em prol da realização da execução de qualquer tipo de trabalho, seja ele físico ou mental. Assim, como os indivíduos são seres dinâmicos e em constante transformação, as relações de trabalho também passam por uma grande mudança.
Durante anos, mais precisamente na Geração X, ou seja, aqueles nascidos entre 1960 e 1980 (atualmente com 40 a 60 anos), o trabalho tinha um caráter meramente alimentar, sem propósito além da contrapartida monetária. Na maioria das vezes era um trabalho mecânico que não exigia qualquer tipo de expertise, uma vez que, a maioria das pessoas possuíam apenas o segundo grau completo.
Assim, entendia – se que para demonstrar serviço seria necessário está presente em um horário determinado, não causar tumulto no ambiente de trabalho com ideias divergentes de seus superiores e, desse modo, poderia garantir sua posição na empresa até o tão sonhado dia da aposentadoria.
Com o passar dos anos e o ingresso dos Geração Y (millennials), aqueles nascidos entre 1980 e 1995 (atualmente com 25 a 40 anos) no mercado de trabalho, além do surgimento da possibilidade de cursar faculdades e, consequentemente, o aumento da complexidade de trabalho e surgimento de novas profissões, surgiu também a necessidade de mudanças nas relações de trabalho.
Hoje, vivemos um paradoxo, principalmente em relação as regras enraizadas advindas dos antigos modos de trabalho e que hoje não fazem o menor sentido diante das relações contemporâneas. Afinal, será que cumprir horário é tão importante assim? Será que trabalhar na sede da empresa realmente tornará a pessoa mais produtiva?
As novas relações de trabalho entendem que não.
Nos dias atuais, produtividade é a palavra do momento, ou seja, o importante é entregar o produto/serviço, de forma rápida, ágil e eficaz, não importa quantas horas do dia você passe no trabalho; o que importa é o resulto.
Além disso, o conceito de local de trabalho tem mudado bastante, uma vez que o avanço da tecnologia nos permite rabalhar em qualquer lugar.
É interessante pensar que hoje vivemos em um mundo globalizado, que ao adotar uma política de adaptabilidade e flexibilidade, a empresa viabiliza a abertura para contribuições vindas de pessoas com as mais diversas bagagens culturais e como isso contribuiu para que a empresa seja aceita no mundo inteiro.
É claro que toda empresa deve ter os conceitos básicos das relações de trabalho bem sedimentados: exigência utilização de EPis, salário em dia, respeito aos direitos trabalhistas, bem como empregabilidade, responsabilidade e aperfeiçoamento da técnica devem ser respeitados, até porque o ser-humano precisa de referências básicas para entender os conceitos e o mundo no qual está inserido.
Assim, façamos uma análise: você precisa hoje de um funcionário que respeita regras que não mais cabem e/ou fazem sentido no mundo corporativo de trabalho, ou você prefere renunciar ao controle mínimo para que o funcionário se sinta apto para cumprir as obrigações que lhe são ofertadas e lhe entregar muito mais do que se espera?
Deixar o funcionário livre de obrigações que não fazem mais sentidos no mundo corporativo, faz com que este entende o valor e a importância de seu trabalho, assim como entrega ao funcionário um senso de responsabilidade, que faz com que haja um estímulo para que ele entregue muito mais.
É claro que a implantação deste sistema em uma empresa que vem com conceitos antigos arraigados dentro de si leva tempo, e, principalmente, mudança de mindset da alta gestão. Mas após o período de transição ocorre o resultado: empresa enxuta com funcionários que entendem o que tem que fazer e certamente alta produtividade, baixa rotatividade de funcionários e crescimento da empresa.
Afinal, você quer que seu funcionário gaste tempo pensando em como fará em um mundo caótico para chegar mais cedo no trabalho, ou você prefere que ele faça o que tem que ser feito e traga lucro para empresa independente do horário de chegada?
Dica de Leitura: A regra é não ter regras (A Netflix e a cultura da reinvenção) – Reed Hastings, Erin Meyer