Não se fala em outra coisa nesta segunda-feira (28) a não ser sobre o tapa na cara que Will Smith deu em Chris Rock, no palco da cerimônia do Oscar 2022, que aconteceu na noite de ontem, no Teatro Dolby, em Los Angeles, Estados Unidos.
Na ocasião, o ator perdeu o controle após o comediante fazer uma piada de muito mau gosto com Jada Smith, esposa de Will. Ele não suportou o comentário feito por Chris, que brincou sobre a cabeça raspada de Jade, que tem uma doença chamada alopecia, que é emocional e gera a queda capilar. Rock a comparou com Demi Moore em “Até o Limite da Honra”, filme de 1997, em que a atriz precisou raspar o cabelo para interpretar a tenente Jordan O’Neil.
Para entender melhor o que passou na cabeça do artista americano, a IstoÉ Gente conversou com a neuropsicanalista da USP Priscila Gasparini Fernandes, que explicou o ataque de fúria de Will Smith.
“Não é algo com o qual devemos brincar, já que é uma doença e deve ser tratada com respeito, pois Jade sofre com isso, apesar de falar sem problemas sobre a doença, e não ser segredo em Hollywood, nenhuma mulher gosta da calvície, e em muitos casos pode gerar até depressão grave. Will teve uma reação de defesa em relação à esposa, pois sentiu que estavam brincando com algo muito sério, e quis mostrar a todos que estava lá para defendê-la e não permitir que fizessem algo que a magoasse. Não foi uma reação pensada, foi por impulso, reagiu com agressão, não teve inteligência emocional para lidar com a situação”, começou a profissional.
Questionada como uma pessoa deve agir quando sente que pode perder a cabeça, a doutora aconselhou: “Quando percebemos que iremos perder a cabeça, devemos pensar no que vamos fazer e nos colocar no lugar do outro e de quem está assistindo a cena, para evitar que nos arrependamos depois. O ato de Will foi por impulso, realmente perdeu a cabeça, entendemos o motivo, porém nada justifica a agressão, poderia ter ido até o apresentador e conversado de uma maneira direta, que não havia gostado do ocorrido, seria melhor para todos, e com certeza não geraria a polêmica que este ato gerou”.
O comportamento de Will Smith requer um acompanhamento médico, segundo a psicóloga. “Ele deveria fazer um tratamento psicológico para identificar seus limites e atuações, e realmente aprender a ponderar e se posicionar de uma maneira mais adequada, podendo sim defender a esposa, porém sem agressão. Esse tipo de comportamento não é aceitável, estimula outras pessoas a agirem da mesma maneira. O filho do casal comenta: And That’s How We Do It (e é assim que fazemos), ou seja, acaba sendo um exemplo negativo para o filho, e para outras pessoas, pois reforça que a agressão deve ser utilizada e é normal”.
“Apesar da palavra surto estar sendo usada neste caso, não podemos considerar este ato um surto, pois no surto há uma dissociação psíquica em que o individuo não tem consciência do que está fazendo e vivendo naquele momento, mesmo que seja por um breve período, e no caso, podemos notar no vídeo, que ele estava consciente de seu ato, e após ter agredido, se senta e continua com agressões verbais. Seus impulsos foram mais fortes do que sua razão, porém estava sabendo o que fazia”, finalizou ela, sobre a atitude agressiva do ator ser considerada um surto.
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