No Dia Mundial da Água, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou estudo inédito que aponta que o Acre desperdiça cerca de 60,71% da água tratada, o que representa uma média maior que da região Norte, de 55,21%. O percentual representa o quanto se perde no caminho entre a companhia de distribuição e a torneira de casa ou da empresa.
Conforme o estudo, mais de 5,5 em cada 10 litros de água ficam pelo meio do caminho na região, em razão de canos furados, tubulações defeituosas e dos chamados “gatos”, que são os roubos de água. Em países como Alemanha e Japão, o nível de perda de água é inferior a 10%.
Para reduzir o índice de perdas de água para níveis satisfatórios, seria necessário investir R$ 2,2 bilhões na região Norte, enquanto em todo o país, reverter esse elevado índice de perdas de água custaria em torno de R$ 42,7 bilhões, conforme o estudo da CNI. A média nacional de perdas é de 40%. Esses investimentos precisam ser feitos até 2033, quando o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) prevê a universalização dos serviços de coleta de esgoto e abastecimento de água – hoje, 34 milhões de brasileiros (16,3% da população) não recebem água tratada.
O índice de perdas é um indicador importante para o setor de saneamento, uma vez que reflete as condições de operação das companhias que distribuem água. O alto volume de água desperdiçada antes da chegada às residências reflete a situação precária das redes no país, decorrentes de investimentos insuficientes para manutenção do sistema.
“Um elevado nível de perdas de água gera ineficiências no sistema de saneamento básico, na medida em que significa não apenas maiores custos com insumos, como energia elétrica no bombeamento e produtos químicos para tratamento, mas também com o uso excessivo da capacidade de produção e distribuição, elevando a necessidade de manutenção da rede”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
“A exigência por volumes de água maiores que o necessário também tem implicações significativas a nível ambiental, sobretudo em um contexto de escassez de recursos hídricos, além de tornar o sistema mais vulnerável a mudanças em sua disponibilidade”, acrescenta.
Novo marco do saneamento
Depois de décadas de uma regulação ruim e permissiva à má gestão das companhias de água e esgoto, a legislação passou a garantir a igualdade de competição pela rede para empresas públicas e privadas. Sancionado em 2020, o novo marco legal do saneamento básico estabeleceu metas de eficiência e cobertura universal de coleta/tratamento de esgoto e abastecimento de água – sob pena de rescisão dos contratos.
Na avaliação da CNI, o país só tem a ganhar com a rápida implantação do novo marco. A ampliação dos investimentos no setor é condição fundamental para o país reverter os atrasos no setor de saneamento. O sucesso de recentes leilões de companhias de água e esgoto em estados como Alagoas, Espírito Santo e Rio de Janeiro demonstram que o novo modelo de regulação do setor propicia a condição para os investimentos necessários à universalização do saneamento.
“Os resultados apresentados neste estudo são relevantes para a compreensão de que o investimento em saneamento básico é também um vetor de redução das desigualdades sociais, imprescindível para o desenvolvimento econômico e mitigação da pobreza do país”, destaca o estudo da CNI.
Índice de perdas na distribuição (%)
Estado/Região | Índice de perdas na distribuição (%) (IN049) |
N – Norte | |
Acre | 60,71 |
Amapá | 73,57 |
Amazonas | 68,01 |
Pará | 40,33 |
Rondônia | 60,79 |
Roraima | 65,37 |
Tocantins | 33,64 |
Total Norte: | 55,21 |