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No Dia Internacional da Mulher, mulheres reais falam sobre seu papel na sociedade

“É preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho, sempre!”. Quem traz na pele marcas de luta, de perseverança, da busca de igualdade e direitos, em uma sociedade ainda machista, tem sim, a estranha mania de tem fé na vida, como diz ‘Maria Maria’ uma das eternas canções de Milton Nascimento. Nesta terça-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, o site A GAZETA DO ACRE, presta homenagem a essas guerreiras, avós, mães, filhas, netas; as que lutam diariamente para levar o sustento para suas casas, mas sempre com um sorriso no rosto.

A expressão “sexo frágil”, já depreciativa em alguns dicionários, não faz parte do ritmo de vida da dona Judite Cosme da Silva, de 70 anos. Trabalhando no Mercado Novo, Centro de Rio Branco, a senhora de sorriso fácil, vende café da manhã e almoço em uma das pensões do local, há quase 16 anos.

“Minha mensagem é que as mulheres estudem, busquem conhecimento, mas que trabalhem, pois só tem dignidade que tem um ofício e busca seus objetivos”, diz dona Judite (Foto: Dell Pinheiro)

“Tenho sete filhos, quatro mulheres e três homens, além de 9 netos. Sempre trabalhei com lanche, vendendo comida. Já são 40 anos de luta, porém, consegui criar todos os meus filhos. Sempre gostei de está no meio do povo. Moro no Conjunto Esperança, levanto cedo todos os dias para vim para cá, e fico até tarde. Minha mensagem é que as mulheres estudem, busquem conhecimento, mas que trabalhem, pois só tem dignidade que tem um ofício e busca seus objetivos”, disse Silva.

Dona de um salão de beleza, e trabalhando na profissão de cabeleireira há 10 anos, Priscila Rodrigues, de 59 anos, falou que sempre sustentou sua família com muito esforço.

“Podemos conciliar o trabalho fora e dentro de casa, temos essa capacidade, o que nos diferencia dos homens”, pontua a cabeleireira Priscila Rodrigues (Foto: Dell Pinheiro)

“Trabalho na parte central da cidade há cinco anos. Já tive loja de produtos de beleza e confecção, sou cabeleireira, massagista e depiladora. Sempre batalhei muito para cuidar do meu filho, que já me presenteou com um netinho. Sustentei eles com muito esforço. Sou feliz com o que faço, gosto de empreender. Temos que ser valorizadas como esposas, mães e avós. Ninguém pode impedir a gente de sonhar. Podemos conciliar o trabalho fora e dentro de casa, temos essa capacidade, o que nos diferencia dos homens”.

“Temos que ser valorizadas diariamente”, opina Irisneia Cerqueira (à direita) (Foto: Dell Pinheiro)

Com uma banca de verduras há 25 anos no Mercado Municipal Elias Mansour, Irisneia Cerqueira dos Santos, de 48 anos, ressaltou que sempre foi o esteio de sua casa. “Criei quatro mulheres e três homens vendendo verduras e hortaliças. Tem que ser guerreira para aguentar tudo o que aguentamos aqui na feira. Sempre fui o esteio da minha casa, sinto orgulho disso. Que os homens tratem bem as mulheres todos os dias, e não somente nesta data. Temos que ser valorizadas diariamente”.

Vendedora de erva e plantas medicinais, Maria Zeneide Bezerra, de 62 anos, comentou que já foi até bailarina, antes de herdar a banca do seu pai, conhecido como Profeta.

“Vendo esses produtos há 15 anos. Tive outros ofícios, já fui professora de balé, aliás, uma das primeiras bailarinas do Estado. Já trabalhei como massagista e esteticista. Depois, meu pai me chamou para ajudar ele na banca. Me sustento com esse trabalho.Tenho dois filhos e sete netos. O que tenho a dizer nesta data é que a mulher é a peça fundamental para a construção do mundo. Ela é o braço direito do homem. Ela edifica a casa, traz harmonia para o lar, e educa da melhor forma seus filhos. Tudo começa pelas mulheres, que têm a semente da vida, por isso, que somos tão especiais e devemos reconhecer o nosso valor”, enfatizou.

Como surgiu o Dia Internacional da Mulher?

Comemora-se o Dia Internacional da Mulher em 8 de março por causa de um episódio histórico. Nesse mesmo dia, em 1911, as funcionárias de uma fábrica da Triangle Shirtwaist Company em Nova York, nos Estados Unidos, entraram em greve reivindicando melhores condições de trabalho. Elas pediam uma jornada de trabalho menor (de 16 para 10 horas diárias), e que seus salários fossem iguais aos dos homens, além de um melhor tratamento no ambiente de trabalho.

Porém, só em 1977, que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, para homenagear as lutas feministas por igualdade, justiça e respeito. No entanto, movimentos sociais já vinham promovendo datas internacionais de debate sobre os direitos das mulheres. Um dos mais conhecidos aconteceu em 1911 em Copenhague, na Dinamarca, quando um encontro realizado no dia 19 de março discutiu igualdade de gêneros e outras questões envolvendo direitos das mulheres.

Atualmente, segundo a ONU, o salário das mulheres ainda é 27% menor dos que o dos homens que ocupam a mesma função, isso na maioria dos países. A proporção de mulheres que ficam e casa e cuidam de afazeres domésticos não remunerados é duas vezes e meia maior do que a de homens.

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Agnes Cavalcante: