Em greve desde o dia 8 de março, representantes da Saúde se reuniram nesta terça-feira, 22, com o presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Nicolau Junior. Em um vídeo da reunião, o presidente do Sindicato dos Médicos do Acre Guilherme Pulici reclamou sobre a demora para o cumprimento de medidas acordadas entre a classe e o Governo do Estado em junho de 2021. Na ocasião, o médico reclamou do próprio governador e do que qualificou como “política suja do nosso Estado”.
“Eu não sou candidato, não sou filiado a partido político, não estou aqui fazendo meu nome, eu não quero nenhum benefício pessoal. Sou médico indignado com essa política suja do nosso estado. Isso é sujo, o que esse governador fez foi sujo, ele não tem palavra, não é um homem de palavra. A mesma coisa pro senhor Alysson Bestene. Gravem, divulguem: não é um homem de palavra e não responde mais mensagem no celular. Respondia naquela época para dar tapinha nas costas, para enrolar a gente um ano e agora está aqui, cade o cumprimento? Não engulo essas coisas”, desabafou Pulici.
Entre os acordos firmados, estão a reformulação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), que, segundo a categoria, está defasado há 22 anos, criação da etapa alimentação, reposição de perdas salariais, entre outras demandas.
Durante sua fala, Pulici ainda disse que a situação foi de regressão e não de avanço, pois afirma que a classe e o governo já haviam chegado a um acordo e que este deveria ser o período de cumprimento do acordo. Como exemplo, ele cita o concurso público para a área da saúde que “está para ser anunciado desde dezembro [de 2021]”.
Citado na reunião pelo presidente do Sindmed, Alysson Bestene chegou a assumir a Secretaria de Saúde do Estado, mas desde junho de 2021 responde pela Secretaria Extraordinária de Assuntos Governamentais. Em fevereiro deste ano, Bestene pediu exoneração do cargo para concorrer às Eleições 2022. Ao site A GAZETA, o secretário afirmou que nas últimas reuniões em que esteve com os sindicatos da saúde documentos foram assinados e tudo foi encaminhado.
“Inclusive tem leis na Assembleia para serem aprovadas de antes do que foi colocado, como foi etapa alimentação, como foi o auxílo saúde… A reposição salarial que está lá no documento, que falava na possibilidade de dois anos inflacionários, dentro das condições orcamentárias e financeiras do Estado, e hoje o estado, com já foi dito, ele apresenta nas codnições financeiras e orçamentárias, apenas para a gente dar um percentual para todos os servidores de 5,42%. Mas o que tinha sido falado para a Saúde foi tudo encaminhado. Tanto é que alguns dos demais sindicatos da saúde, a gente percebe que entenderam isso. Agora se o Sindmed tem outro entendimento… E com relação a essass discussões que acabam envolvendo de forma pessoal eu costumo não levar… ele tem a consciência dele”, respondeu Bestene.
O presidente do Sindmed questiona ainda a importância da classe no período da pandemia. “A questão está muito difícil. Não sou idiota, a gente precisa de algo concreto. Primeiro foi falado, depois foi assinado, depois foi falado não sei quantas vezes e nada sai. A gente tá só agora com 5%, quem considera isso uma conquista? eu não considero isso uma conquista. É uma grande perda, nós estamos numa fase suis generis, pandemia. Eu duvido, acho que na hora que tá todo mundo com cagaço, esse é o termo que a gente tem que falar, todo mundo queria ter um profisional de saúde por perto. Mas se a gente não merce agora vai merecer quando?”, reclamou o médico.
Para Pulici, o discurso do atual governo é incoerente. “A gente ouve o governador falar o tempo inteiro que dinheiro não falta. Mas gente, calma aí, vamos ter um discurso uniforme, algo coerente. Não dá para acreditar mais em nada, entendeu deputado? (…) A pandemia vai passar e vai continuar o mesmo lero lero“, disse.
Nota Pública
Ao site A Gazeta do Acre, nesta quarta-feira, 23, a assessoria do Governo reafirmou o que foi dito na última nota pública emitida no dia 15 de março deste ano. Confira:
O governo do Estado do Acre esclarece publicamente ao funcionalismo público acreano e à sociedade acreana que considera legítimas todas as reivindicações; que compreende os anseios dos manifestantes; e que jamais tomou atitudes visando prejudicar qualquer classe profissional. Apesar disso, em razão das vedações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), fica o governo impedido de revisar os diversos planos de carreiras dos servidores públicos estaduais, e também de deferir reajustes salariais além da Revisão Geral – esta a ser concedida no mês de abril aos servidores públicos estaduais. Ainda dentro das possibilidades de sustentabilidade financeira e manutenção do equilíbrio fiscal das contas públicas, o Governo concedeu verba de caráter indenizatório, com o objetivo de amparar os servidores públicos estaduais e de amenizar suas necessidades. Importante destacar que, mesmo em ano eleitoral, diferentemente do que se passou em gestões anteriores, o Governador Gladson Cameli tem se dedicado ao atendimento da folha de pagamento e à manutenção da mais austera economia, buscando evitar colocar em risco o planejamento financeiro, cujo objetivo é manter as famílias servidoras seguras quanto aos seus salários.
Veja o vídeo completo, cedido pelo Portal do Rosas:
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