A crise no transporte coletivo de Rio Branco ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira, 10. Desta vez, vídeos mostram momentos constrangedores passados pelos usuários, que tiveram que descer dos ônibus, já que estes não tinham força suficiente para subir ladeira. Leitores de A GAZETA procuraram a reportagem para denunciar os casos.
O primeiro vídeo foi gravado no dia 4 de março por um leitor que não quis se identificar, mas registrou a situação. Ele estava indo para o trabalho e alega que esperou por horas pelo coletivo, que, quando chegou, estava lotado, e os passageiros ainda foram obrigados a descer e percorrer um trecho a pé, na ladeira da Avenida Ceará, que fica no cruzamento com a Getúlio Vargas.
“Eu estava indo para o trabalho. Passei o maior tempo na beira da rua esperando o ônibus. Com muita luta, a gente pegou e acabou vindo a pé até um certo ponto e conseguimos pegar o ônibus. Nesse meio tempo, a gente pegou o ônibus e percebeu que ele estava com problemas, começou a sair fazendo uma zoada diferente, quando chegou ali forçando, forçando e começou a entrar gente. Quando descemos a ladeira, o ônibus não aguentou. O motorista disse ‘vai ter que descer uma parte das pessoas pra poder sair’, e realmente o ônibus estava em condições precárias”, relata.
O passageiro diz ainda que se sentiu desrespeitado: “Constrangido e desrespeitado. Até porque, na maioria dos cantos não pode haver aglomeracão, por causa da covid-19. Só nos ônibus pode se haver essa falta nas normas sanitarias. Teoricamente era para os inibus estarem em boa situação de circulacão, mas não é o que se vê”, finaliza.
Já nesta quinta-feira, 10, a mesma situação se repetiu também na Avenida Ceará, mas no trecho que fica entre o Terminal Urbano e o Estádio José de Melo. No vídeo, é possível ouvir a reclamação de uma passageira: “O povo tem que descer do ônibus pro ônibus poder subir a ladeira. Desceu a metade do pessoal, agora vai subir. Isso aqui meu povo, é o nosso Acre, a nossa Rio Branco”, reclama uma passageira.
Intervenção no sistema de transporte coletivo
A GAZETA procurou a empresa São Judas Tadeu, responsável pelas linhas em questão – Fundhacre e Calafate – que alegou que os ônibus serão substituidos. No entanto, a empresa esclareceu que a baixa qualidade do Diesel S10 aquirido pela Prefeitura de Rio Branco seria a causa dos problemas registrados pelos passageiros.
É que, desde o dia 22 de dezembro de 2021, a prefeitura de Rio Branco assumiu o controle do Sistema de Transporte Coletivo de Rio Branco, após decretar Situação de Emergência no setor, passando a administrar as outras 11 linhas do Consórcio Via Verde, formado pelas empresas São Judas Tadeu e Via Verde. O prazo de intervenção é de 120 dias, portanto, caso não seja prorrogada, a intervenção deve durar mais 42 dias.
No dia 8 de fevereiro deste ano, a prefeitura da capital assinou contrato com uma nova empresa, sobretudo, mesmo a chegada da Ricco, que assumiu de forma emergencial, 31 linhas de ônibus em Rio Branco, moradores ainda enfrentam dificuldade para conseguir se locomover na capital e relatam espera superior a duas horas.
A GAZETA procurou a prefeitura de Rio Branco para obter um posicionamento acerca das alegações, que informou, por meio de sua assessoria, que “está trabalhando na substituição destes ônibus. São problemas que estão aí há muitos anos e estamos tentando resolver”.