Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Mais de um ano após perder filha no parto, mãe registra boletim e acusa equipe do Hospital Santa Juliana

Mãe alega negligência médica. Hospital ainda não se pronunciou sobre o caso. (Foto: Reprodução Facebook)

Foi na madrugada de 26 de setembro de 2020 que K.L.R., de 31 anos, perdeu sua filha logo após o parto, ao nascer enrolada no cordão umbilical e sofrer uma parada cardíaca. Na última quinta-feira,03, ela registrou um boletim de ocorrência denunciando negligência médica contra a equipe do Hospital Santa Juliana. Ao site A Gazeta do Acre, ela pediu para não ter o nome identificado.

A assessoria do Hospital Santa Juliana informou que não irá se pronunciar sobre o caso por enquanto.

O caso está sendo investigado pelo delegado Judson Barros que apurou que, em média,  35 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos podem estar envolvidos direta e indiretamente no caso.

“Ela lembra com detalhes de tudo… Já recebi toda a documentação, fiz o levantamento dos profissionais que vou começar a ouvir na próxima segunda-feira (…) Vou ver a relevância da participação de todas essas pessoas, se precisar vou ouvir todas, até para me certificar de quem participou diretamente e indiretamente”, afirma o delegado.

K.L.R conta que desde o dia 24 de setembro começou a sentir dores fortes e houve uma sequência de vezes em que ela foi ao Hospital, mas era liberada. Até que, na madrugada do dia 25, ela começou a sangrar e voltou ao hospital, onde ficaria até o momento do parto.

“Passei a noite toda sentido fortes dores e somente as 08 horas da manhã o médico plantonista chegou para fazer a avaliação. Ele fez o toque e verificou q eu ainda estava com um centímetro de dilatação e disse que essas dores e o sangramento não eram normais para um centímetro e então disse que iria fazer um exame de sangue para ver se não era uma infecção urinária” relata.

Ela afirma que durante o dia foi atendida e examinada algumas vezes, mas sempre voltando para a sala de observação.” Nisso eu continuava sangrando e sentindo fortes dores. Eu já estava a quase 20 horas sem comer, pois as dores eram tão fortes que eu conseguia tomar mal água pois dava vontade de vomitar. As 18 horas me chamaram novamente ao consultório, já não aguentava quase andar de dor e fraqueza, então a doutora me examinou e verificou que eu estava com seis centímetros e que iria me encaminhar a sala de parto eu perguntei se não teria como ser cesariana e ela disse que não porque era minha primeira filha e que a dilatação estava ótima”, explica.

K.L.R aguardou até as 21h, quando a bolsa estourou, mas relata que o médico informou que o colo do útero ainda estava grosso e que não havia passagem para o bebê. ” Como eu estava sentindo muitas dores e não estava mais suportando o médico pediu para aplicar um Atroveran para amenizar as dores que de nada adiantou”, conta.

Foi por volta das 1h10 da madrugada que a bebê começou a nascer. Sem forças, foi preciso fornecer mais oxigênio para a mãe, que foi o momento em que a cabeça da criança começou a sair.
“Mas eu não tinha força e ela voltou, me deram um remédio para me ajudar a dar força então ela nasceu, laçada, sem chorar e teve que ser reanimada pois o cordão umbilical enforcou minha filha. Ela foi encaminhada as presas e conseguiram reanimar, mas chegando na UTI teve outra parada cardíaca e ficou até o domingo quando faleceu”, afirma.

A mãe conta ainda que após o nascimento o médico aparentava estar nervoso e informou que ela havia nascido sem batimentos. ” Meu esposo chegou no hospital assim que tudo aconteceu e o médico abordou e disse que eu era a culpada pois não tinha ajudado a fazer força o suficiente e que meu médico não tinha feito a ultrassom para ver se a criança estava laçada. E o pior de tudo é que foi feito e que minha filha não estava laçada. Ela laçou no dia de tanto eu ter contrações”, afirma.

Esta foi a primeira filha de K.L.R, que afirma só ter encontrado forças para levar o caso à justiça depois deste tempo. “Parece que estou vivendo tudo novamente. A dor ainda é a mesma, a diferença é que agora mais do que nunca tive coragem de clamar por justiça pela morte da minha filha”, lamenta.

 

Sair da versão mobile