O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Coronel Paulo Cézar Santos, realizou na manhã desta quarta-feira, 30, uma coletiva de imprensa para falar sobre os crimes violentos registrados no Acre nos últimos dias, supostamente relacionados à uma guerra de facções criminosas.
Apesar do que foi amplamente noticiado na imprensa, o secretário foi cauteloso. “Compete à Polícia Civil apurar esses crimes. Quando nós tiramos a conotação de facções criminosas e guerra de facções em relação a esses homicídios, é porque a vítima não pode ser penalizada duas vezes e não podemos tratar esses casos como guerra de facções. Os órgãos de investigação tem que tratar como homicídio e, como tal, buscar a autoria, não que seja mais grave ou menos grave do que uma guerra de facção. Mas nós temos que estudar de forma clara, senão, nós estamos penitenciando a vítima, sua memória e principalmente sua família, e levando à sociedade uma informação que não condiz com a verdade”, pontou Santos.
Santos também falou sobre as ocorrências registradas na região do Alto Acre e destacou que ações conjuntas também tem sido realizadas com as autoridades bolivianas.
“Temos uma questão pontual também no Alto Acre e, ontem, participamos de uma reunião na cidade de Cobija com autoridades bolivianas, porque é reflexo de uma guerra instalada dentro do território boliviano que vem causando um certo incomodo de registro de incidentes graves, especificamente em Brasileia e Epitaciolândia, mas as intervenções já estão bem pontuadas, os órgãos estão integrados, não só os órgãos convencionais do Sistema de Segurança, mas também o Ministério Público que tem participado desse fórum de discussão das ações que serão desencadeadas”
Assassinato de jogador
Um dos crimes recentes de maior comoção foi o assassinato do jogador de futebol Ygor Santos de Araújo, de 21 anos, morto a tiros na noite de segunda-feira, 28, no Residencial Cabreúva, em Rio Branco. Sobre o caso, Santos ressaltou que ainda não há confirmação do envolvimento de faccionados e, portanto, o caso está sendo tratado como homicídio.
“É um assassinato, e estamos tratando como assassinato. Nós não sabemos se a ação que derivou deste assasinato, sequer foi promovida por um integrante de organização criminal, o que não pode ser utilizado de forma indireta é que esse assassinato tenha a ver com guerras de facção, porque gera um imaginário popular que tá todo mundo sendo ameaçado por essas organizações criminosas, tradicionalmente, observando o passado de organizações criminosas, quando eles estão em guerra, eles não matam inocentes, e essa é a leitura que nós temos, então é por isso que chama atenção esse discurso inadequado, os assassinatos ainda estão ocorrendo aqui no nosso estado, independente da redução significativa da violência nos últimos anos e estamos tratando esse onde a vítima é um inocente como assassinato e temos que desvendar quem a praticou, há todo um trabalho de inteligência envolvido, para saber efetivamente quem praticou o crime”, finalizou.