O ser humano, ao longo de sua História, sempre se sentiu carente de algo superior à sua frágil condição humana que lhe dessa proteção, sentido à vida e mesmo uma morada belíssima no além com uma aposentadoria gratificante eterna. Percebeu que o meio ao seu alcance para isso é a religião. Através da religião faria sua religação com esse Algo que passou a chamar de Deus.
Religação essa (daí religião) por meio da qual demonstra seu arrependimento de ter se insurgido contra Deus outrora no paraíso, e que, expulso dele, deveria expiar seu pecado original a duras penas de trabalho, e com muito suor tentar sobreviver neste vale de lágrimas.
Porém, este vale de lágrimas torna-se duro demais. Para enfrentar o périplo terrestre inventa então uma estratégia: a política. Aí danou-se tudo. A política requer diálogo entre os homens para aliviar a vida em sociedade, mas, ao contrário, erige-se uma torre de Babel (ao menos aqui no Brasil) que embaralha tudo e a ligação com Deus fica para as calendas. Mistura-se religião com política e aí não há mais diálogo nem com Deus e nem entre si. O homem religioso na modernidade dá mais ênfase à política do que proceder à religação com Deus. E quando este homem religioso se auto proclama arauto de Deus e, em nome dele, faz política (digo, politicagem), aí desce-se ao nível diabólico, com interesses espúrios. É o que podemos deduzir de pastores, assessores, Messias, e dos que se auto proclamam “ungidos” de Deus.
Beth Passos
Jornalista