Casei em Recife. Embora meu ex-marido e eu morássemos aqui em São Paulo. Foi sugestão de minha mãe, convincente a danada. Tanto que batizei (embora nem religiosa eu seja) minha mais velha em Recife e fiz a primeira festinha de aniversário (de uma e da outra) também por lá. Mas, enfim, ao casamento.
A mãe da noiva nunca foi fraca de argumento. “Bora fazer assim, já que a festa é aqui e tem muita coisa pra organizar, eu vou resolvendo os detalhes mais chatinhos e vocês ficam com as decisões principais”. Quando a gente se deu conta, tava tudo era organizado, resolvido, detalhado, e, principalmente, contratado. Mas isso não é reclamação não, foi bonita a festa. E, no mais, além de contratado, encontramos boletos muito bem pagos também. Ganhamos um baita de um presente.
Ocorre que, vez por outra, sei lá, pelo menos em mim, dá uma vontadezinha de escolher não dá? Ainda mais, se for, por acaso, um casamento, e vai que você é uma personagem importante do evento, quem sabe a noiva.
Sobrou a música da cerimônia, só a da cerimônia, a da festa já tinha sido providenciada. Daí que nos dedicamos sem preguiça à pesquisa, à negociação e à escolha de repertório. Chamamos o Quarteto Romançal – e essa é aquela hora que você vai procurar no google, cai no Quinteto Armorial, e se parar de ler o texto na metade, e ouvir pelo menos um pouquinho de cada um, já vai fazer o seu dia, e o dessa que vos escreve, maior e mais interessante.
Ficasse, foi? Pois então, eles toparam. Toparam e tocaram lindamente. Problema é que fora os músicos, casamento tem uma galera, né? O povo do buffet, da decoração, do cerimonial, das flores, do bolo, das fotos e do vídeo. Quem casou no comecinho do anos 2000 deve lembrar que fotos e vídeos demoravam meses para serem entregues. Recebemos o cd do vídeo pelo sedex. Minha mãe tinha visto primeiro, disse que ficou lindo, mandou fazer até uma cópia pra ela. A gente esperou pra assistir à noite, abrimos um vinho, aquela doçura dos recém. Mas não teve Romançal nem Armorial. Foi Kenny G quem embalou da entrada do noivo aos comprimentos. O cinegrafista atropelou o Quarteto com um Kenny G. Um Kenny G. Não temos um único registro da música original.
Há sessões em que atendo casais que me lembram essa história. Às vezes os casamentos são assim, a gente pensa que tá ouvindo a lindeza do mundo todo, mas deu play no Kenny G. Nesse dia do vídeo, dormimos com a barriga doendo de tanto dar risada. Nunca pedi de volta o áudio original, gosto do engano dessa sobreposição. E sabe o que é mais bonito? Tá cheio de gente que ama um saxofone. Dá um play aí no Forever in Love, pra ver se tu não lembra? Boa semana, queridos.