Pesquisador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) lidera projeto, no valor de 2,5 milhões de euros, do European Research Council (ERC), que visa a desenvolver novos métodos de análise e “abrir caminho” para a detecção de outras Terras.
Em comunicado, o IA informa que o European Research Council atribuiu uma Advanced Grant, com financiamento de 2,5 milhões de euros, ao projeto Fierce que será desenvolvido nos próximos cinco anos.
Liderado pelo pesquisador Nuno Cardoso Santos, da equipe de Sistemas Planetários do IA, o projeto pretende criar novos métodos de análise de dados para “modelar e caracterizar as causas do ruído estelar”, o que permitirá “abrir caminho à detecção da Terra 2.0”.
“Apesar dos progressos recentes, ainda não foi possível identificar exoplanetas realmente semelhantes à Terra, à distância certa da sua estrela para serem temperados, com água líquida à superfície e uma atmosfera de nitrogênio e oxigênio”, destaca o instituto.
Citado no comunicado, Nuno Cardoso Santos, professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), afirma que o projeto vai permitir “detectar e estudar outras Terras, a orbitar outros sóis, utilizando instrumentos como o espetrógrafo ANDES [desenvolvido para o ELT do Observatório Europeu do Sul (ESO) e previsto para entrar em funcionamento em 2030.]”.
“Estes métodos serão fundamentais para que se possa estudar em detalhe os planetas rochosos, hoje detectados, bem como os que serão descobertos por missões espaciais futuras, como a Plato, da Agência Espacial Europeia”, acrescenta Nuno Cardoso Santos.
No projeto, os cientistas vão abordar o problema do ruído estelar “de um novo ângulo”.
Para isso, está prevista a construção de um telescópio que, intitulado PoET, irá ligar-se ao espectrógrafo Espresso [instalado no Observatório do Paranal do ESO] para estudar o Sol, usando-o como exemplo para identificar e compreender “as fontes do ruído que afetam os dados obtidos para outras estrelas do tipo solar”, esclarece o IA.
Também citada no comunicado, a diretora da FCUP, Ana Cristina Freire, diz que a bolsa de financiamento da ERC Advanced Grant irá “certamente promover e apoiar a investigação de qualidade” que se faz na instituição, nas áreas da física e astronomia.
O coordenador do IA, Francisco Lobo, afirma que a atribuição da ERC “reforça a procura e o estudo de exoplanetas” e que os dados obtidos com o projeto Fierc “poderão ser usados para outras pesquisas em que equipes do IA estão empenhadas, incluindo o estudo do Sol e da física estelar”.
Esta é a segunda vez que o ERC distingue o investigador Nuno Cardoso Santos que, em 2009 recebeu uma ERC starting grant, de quase 1 milhão de euros, o que permitiu “criar a equipe do então Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (Caup)” que, em 2014, se fundiu com o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL) para dar origem ao IA.
Na edição deste ano, a ERC recebeu 1.735 pedidos de financiamento para Advanced Grants, 44% das quais na área das ciências exatas e engenharia. Na Europa, vão ser atribuídas cerca de 250 bolsas de financiamento.