A presidente do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA), Concita Maia, foi a convidada, na manhã desta terça-feira,19, para debater sobre projetos e iniciativas para a profissão de parteira no Acre. A entrevista, que aconteceu na Rádio GAZETA 93, conduzida pelos jornalistas Brenna Amâncio e Tiago Martinello, trouxe diversos esclarecimentos a cerca do assunto. Entre eles, Concita relatou sobre as movimentações no IMA, que, atualmente, está em parceria com o fundo de populações das Nações Unidas, para regulamentar a profissão.
“Nós estamos com um projeto de fortalecimento da organização das parteiras tradicionais da floresta, de Marechal Thaumaturgo, fica quase na fronteira com o Peru, uma área bem distante da capital, e concentra um número considerável de parteiras tradicionais. Estamos nesse processo de dar visibilidade para essa profissão, que é secular, entretanto, não é visibilizada e nem reconhecida. As parteiras necessitam de condições mínimas, básicas, para poder realizar a prática de partejar”, defende Concita.
O último levantamento de cadastros de parteiras no estado do Acre foi feito, em 2018, e mais de 350 parteiras estavam cadastradas pela Secretaria de Saúde. A presidente do Instituto afirma, no entanto, que esse número é bem maior. “Imaginamos que esse número seja bem maior, porque existem aquelas que moram em regiões longínquas, parteiras indígenas, que é um número imenso cerca de umas 500 parteiras ou mais, que atuam hoje no nosso estado, agindo como guardiãs da vida, cuidando da saúde da mulher, de uma maneira geral”, reforça.
Concita convida a população para acompanhar, através do Instagram @ima.brasil, o encontro de parteiras e os demais projetos do Instituto. “Estaremos, no dia 5 de maio, que é o Dia Internacional das Parteiras, com o apoio do fundo das populações das Nações Unidas, realizando essa troca de saberes, com objetivo de fortalecer e ecoar essa voz. O evento acontecerá na Câmara dos Vereadores de Marechal Thaumaturgo. Nós contamos com uma rede de apoio, lá em Marechal, inclusive da prefeitura local. Estamos muito animadas para dar esta oportunidade, para que elas falem da suas realidades, dos seus saberes sagrados, sem dúvidas, mas também, fundamentalmente, das suas necessidades, para podermos acompanhar o encaminhamento da solicitação dessas demandas juntos”.
Segundo Concita Maia, a realização de partos em casa está cada vez mais frequente, prática que era comum nas décadas passadas, o que demonstra mais um motivo para dar visibilidade a essa sabedoria ancestral que as parteiras carregam.
“É verdade, esse movimento a gente acredita que vai crescer, a volta da humanização do parto. O ato de dar a luz é algo divino, e ser acompanhada por uma pessoa que tem uma sabedoria ancestral, nesse momento, é muito importante”.
Em 2020, o governo do Acre homenageou a história das parteiras do Juruá, com a figura de uma das parteiras mais antigas da região, nas paredes e muros do Hospital da Mulher e da Criança, uma atitude que mostra o reconhecimento de um importante trabalho, que faz parte da história e cultura da região amazônica.