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Após três anos de tentativas, mãe pede apoio para conseguir atendimento especializado para filho autista

Parece até matéria repetida, mas, em menos de 15 dias, mais uma mãe procurou A GAZETA para denunciar a dificuldade de conseguir acesso a acompanhamento adequado para o filho diagnosticado com autismo, em Rio Branco.

A dona de casa Maria Jussara Souza da Silva, de 29 anos, moradora do bairro Belo Jardim, é mãe do Enzo Efflaim Souza da Silva, de apenas quatro anos, e há três anos, ela conta que busca uma vaga na rede pública para que o filho tenha acesso a fonoterapia.

“Ele é autista e já tem três anos que eu tento uma vaga com uma fonoaudióloga pro meu filho, mas até agora não consegui. O Enzo não conversa direito, fala muito pouco, além de ele não falar como deveria, ele cai bastante, e ultimamente ficou muito agressivo, além disso, ele tem problema de asma, fica internado muitas vezes. [Nesse período] fui em vários cantos, como nos postos Eduardo Assmar, no Cláudio Vitorino, fui também na Fundação (Hospital do Acre), mas a moça disse que não tem vaga que tem que pôr na lista de espera. Em todos os cantos que eu fui, eles me falam pra aguardar uma lista de espera… Eu comecei a procurar ele tinha 1 ano e 3 meses, e  hoje ele já está com 4 anos”, lamenta ela.

Jussara diz que busca atendimento para o filho há 3 anos (Foto: Arquivo pessoal)

Com tantas idas e vindas nas unidades de saúde, Jussara diz que o filho já se tornou conhecido pelas equipes médicas. “Tanto que o meu filho já é bem conhecido, na UPA do Segundo Distrito, no Hospital da Criança… por ele adoecer muito, porque ele tem a imunidade muito baixa, já foi intubado por algumas situações bem críticas”, relata a mãe.

Sem trabalhar para cuidar dos três filhos, ela também diz que tem dificuldades para acessar benefícios sociais e, portanto, oferecer condições mais dignas para os filhos, em especial Enzo. “Eu consegui o laudo para dar entrada no pedido auxílio-doença, aí eu consegui bem rápido a perícia, mas tem uma tal de avaliação social que o INSS pede, mas não tem vaga. A gente não consegue agendar nem pessoalmente, que eu já tentei ir, e falam que não é lá e nem pelo telefonem porque diz que não tem vaga para essa avaliação social, e eu não sei mais aonde procurar ajuda”, diz ela.

Procurada, a Prefeitura Municipal de Rio Branco informou que o município possui um Centro de Atendimento do Autista, localizado ao lado da Policlínica Barral y Barral. O local funciona de segunda à sexta, das 8h às 12h e das 14h às 17h.

A reportagem também procurou o Centro Especializado em Reabilitação (CER III), que informou que, atualmente, a unidade atende três modalidades: intelectual, física e auditiva, sendo que dentro de cada modlidade há várias outras especialidades, o que representa uma alta demanda, visto que o CER III é a única unidade que atende reabilitação nestas áreas.

“Os nossos pacientes não tem alta em curto prazo, eles podem ser admitidos no serviço e podem usufruir da vaga por um, três, cinco, 10 ou 15 anos a depender da necessidde do caso. Então, nós não temos uma celeridade no tratamento, porque as alterações são crônicas. Uma vez que se tem um diagnóstico de uma alteração neurológica, ele vai precisar de acompanhamento contínuo”, explica Soron Steiner, Gerente de Assistência do CER III.

Soron ressalta, ainda, que no momento, o CER III atende aproximadamente 500 pacientes com diagnóstico de autismo, sendo que, dependendo do diagnóstico, o paciente chega a ser atendido até três vezes por semana, o que expõe a alta demanda por atendimentos. Sensível ao caso exposto pela mãe de Enzo, ela também se comprometeu a avaliar a situação.

“A gerência se dispõe a verificar o caso dessa mãe (…), dentro de um sistema de regulação, em que posição na lista de espera essa criança se encontra e se nós dispomos de algum serviço de forma imediata”, destacou Steiner.

Sobre o Autismo ou TEA

O Autismo ou os Transtornos do Espectro Autista (TEA), que há muito deixou de ser raro, são condições médicas que levam a problemas no desenvolvimento da linguagem, na interação social, nos processos de comunicação e do comportamento social da criança. Ele está classificado, hoje, dentro dos Transtornos do Desenvolvimento e atinge cerca de 0,8% a 1% das crianças, na proporção de 1 para cada 51 nascimentos.

No Acre, o número de pessoas com autismo chega a 10 mil, enquanto em todo o Brasil, são quase 2 milhões, chegando a 70 milhões em todo o mundo.

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Agnes Cavalcante: