Os réus Ícaro José da Silva Pinto e Alan Araújo de Lima são ouvidos nesta quarta-feira, 18, no segundo dia de julgamento do caso Jonhliane. O primeiro a prestar depoimento foi Ícaro, que tentou isentar Alan do crime, negou a prática de racha e também pediu perdão à família da vítima.
Ícaro começou seu depoimento falando que já foi detido por conta de uma situação no trânsito, na Bahia, cujo processo está em andamento. Segundo ele, a festa que antecedeu a morte de Johnliane começou no dia 5, era um evento de quatro amigos em que cada um podia chamar até dez pessoas. Ele diz que chegou na festa com Hatsue, a ex-namorada, e que estava tudo bem, porém, no meio da festa, uma terceira pessoa teria beijado Hatsue, causando uma discussão.
“Tudo teve início em uma festa, que fui junto com a Hatsue Said Tanaka. Convidamos alguma pessoas para ir ao local. Estávamos confraternizando. Ficamos até uma três, quatro horas da manhã. Hatsue tem depressão, ela estava alterada. Chegou o Luiz Gomes, que ela conhecia há um tempo, deu um beijo nela e tivemos uma discussão. Uma hora depois, resolvemos ir embora. Tinha bebido um litro de cerveja e um copo de whisky com energético”, disse Ícaro. Assim que saiu, ele disse que olhou o celular pra ver se estava tendo blitz, pegou a Antônio da Rocha Viana, em velocidade compatível com a via, mas a discussão com a então namorada seguiu e, no calor da discussão, ele acelerou o carro para deixar a namorada em casa. “Indo para casa, retornamos com o assunto. Olhei o celular para ver se tinha alguma blitz. Na Antônio da Rocha Viana, começamos a discutir, ela perguntou porque agir daquela forma, batendo no painel do meu carro, reclamando da situação. Foi quando perdi a atenção ao volante, avistei o fusca do Alan, e outros carros, e consegui desviar. Tentei desviar da moto, mas, infelizmente, atingi a Jhonliane, não pude evitar”, afirmou ele ao juiz.
O réu disse que tinha consciência de ter atropelado alguém, mas ficou nervoso e, por isso, não parou. “No momento, fiquei nervoso, nunca tinha passado situação parecida e fiquei com medo de retaliação. Povo quando vê que tem um carro diferente, podia pensar que era um playboy bebendo. Tomei um copo de whisky com energético”, disse ele. O réu comentou sobre a a viagem para Fortaleza, feita dias depois do acidente. “Minha mãe sofre de pressão alta e problema cardíaco, fui porque fiquei preocupado com ela, e também por conta das ameaças que estava recebendo. O delegado falou que poderia ir, fui junto do meu pai e com a minha ex-namorada, a Hatsue . Fiquei dois dias em Fortaleza. Assim que comprei a passagem de volta, avisei ao meu advogado que estava retornando para Rio Branco, mas, por conta da mídia e repercussão do caso, decidimos vim de carro de Porto Velho.
Ícaro também negou conhecer Alan, mas disse que conhecia a irmã dele há alguns anos. Também negou que tenha combinado racha com Alan. “Jamais”, respondeu ele quando perguntado sobre a prática acrescentando que, na sua visão, Alan está preso injustamente.
Ícaro voltou a dizer que o Alan não fazia racha e que está preso injustamente. “A situação que o Alan se encontra, no meu ponto de vista não é certa. Em momento nenhum Alan fez esse acidente, não teve nenhuma participação nisso. Apenas se envolveu por conta do Ministério Público e delegado, que disse que teve racha e, por conta disso, o Alan está preso há 1 ano e 9 meses. Infelizmente, não posso voltar no tempo, se pudesse jamais teria feito isso. Tirei a vida de uma filha, não consigo nem imaginar a dor da família, até porque sou pai e não me imagino sem meu filho”, disse.
Durante seu depoimento, Ícaro pediu perdão à família da vítima. ”Infelizmente não posso voltar no tempo, porque se eu pudesse, eu jamais ocasionaria aquele acidente. Sempre dirigia achando que nunca poderia acontecer comigo”, disse.
A previsão é que o juiz Alesson Braz assine a sentença no final do dia, após os debates, considerações finais dos advogados de defesa e acusação, e votação dos jurados. Porém, o julgamento pode ser prolongado até a quinta-feira, 19.