A maternidade é sinônimo de força, coragem, determinação e amor para Edinaria Rodrigues Capistrano, 32 anos. Acreana de Feijó, ela é mãe de Enzo e Daniel, gêmeos de 2 anos e 5 meses (diagnosticados com autismo), e da adolescente Fernanda, de 15 anos.
Apesar da pouca idade, a jovem mulher tem uma história de vida com uma trajetória de muita luta, superação e poucos finais felizes. Neste 8 de maio, data em que se comemora o Dia das Mães, Edinaria falou ao site A GAZETA DO ACRE sobre sua infância, adolescência e os desafios da maternidade, que chegou muito cedo para ela.
“Sou acreana de Feijó, porém, saí daquele município muito jovem, foram idas e vindas. Fui com cinco anos de idade para Cruzeiro do Sul, minha mãe não tinha uma relação muito boa com meu pai, e acabou fugindo dele. Então, como ela precisava trabalhar, e por não ter tempo de ficar comigo, acabou me ‘dando’ para uma mulher que tinha uns oito filhos. Neste período, foram anos de sofrimento. Passei por abuso sexual na minha infância, do marido da mulher que me adotou, que também fazia isso com as próprias filhas. Era tratada como uma empregada, apanhava por tudo”, disse Edinaria.
Ela conta que, aos 11 anos, voltou a morar com a mãe biológica. “Mas, por ter uma relação complicada com ela e por ela ter um esposo que tentou abusar de mim, tive que deixá-la novamente. Vim morar em Rio Branco, cuidar de crianças, a convite de uma mulher, não recordo se era juíza ou conselheira tutelar, foi ela que fez com que eu me reaproximasse da minha mãe. No entanto, vendo toda aquela situação, me chamou para morar na capital e falei que sim. Fui morar na casa dela, para cuidar dos seus filhos”.
Em Rio Branco, Edinaria conheceu o pai de sua filha mais velha, com apenas 15 anos. O relacionamento não durou muito tempo e a jovem lembra que precisou fugir para Cruzeiro do Sul para ter a filha, Fernanda, que nem chegou a conhecer o pai. “Depois que passei alguns anos lá, decidi voltar para a capital. Foi então que conheci o pai dos meus dois filhos mais novos. Depois de dois anos de convivência, engravidei dos gêmeos. Somos separados, desde os dois meses de gravidez. Foi uma gravidez muito conturbada, além de ter sido de risco, tive depressão. Mas ele convive com os filhos e sua mãe dá toda assistência”, relata ela.
Com apenas 32 anos, Edinaria é mãe de Enzo, Daniel e Fernanda, cuida dos filhos, praticamente, sozinha e se sustenta com auxílio dado pelo Governo Federal e com a ajuda da mãe e dos avós paternos dos gêmeos.
“Minha filha ajuda no cuidado com os gêmeos, mas como ela está estudando, e à tarde tem curso, fica pouco tempo em casa. É muita correria, pois além de serem crianças, são autistas. Tem momento que parece que você está cuidado de umas quatro crianças ao mesmo tempo. Passamos um ano inteiro acordadas, pois eles não dormiam. Eles tomam medicamento para que possam ficar mais calmos. No entanto, mesmo tomando remédio, tem noites que eles ficam muito agitados. Eles fazem terapias e acompanhamentos na Apae e no Dom Bosco, que são centros especializados”, conta. Apesar da história de vida sofrida e das incertezas com o futuro, Edinaria é categórica ao afirmar que, ao lado dos filhos, “algo mágico” acontece. ” Para mim, ser mãe é sinônimo de força, coragem, muita determinação e amor. Você abre mão da sua vida para cuidar dos seus filhos. Vivo em função deles! Eles dependem totalmente de mim. São presentes que Deus colocou na minha vida. Uma entrega total”, descreve ela.