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Após mortes e casos de insuficiência respiratória em crianças, governo decide criar comitê emergencial

Com o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a morte recente de nove crianças, o governo do Acre decidiu criar um comitê emergencial para acompanhar o surto. A primeira reunião do grupo ocorreu no domingo, 12, e um novo encontro deve ser realizado nesta segunda-feira, 13, visando a formulação do comitê.

A criança do comitê, no entanto, deve ser publicada no Diário Oficial apenas na próxima terça-feira, 14. Conforme o governo, além da participação de membros do Estado, a proposta é que representantes de outras instituições integrem a comissão.

“O governo do Estado é o principal interessado em saber o que realmente aconteceu e a prova disso é a criação deste comitê. Queremos o acompanhamento de outros órgãos para trabalharmos de maneira transparente e esclarecer os fatos à sociedade”, afirmou o secretário da Casa Civil, Jonathan Donadoni.

A secretária de Saúde, Paula Mariano, reforçou não só o empenho do Estado, mas também dos profissionais da rede pública hospitalar para que a população seja bem atendida. A gestora classificou a criação do comitê como necessária para que o ocorrido seja esclarecido à população.

“Todos os dias saímos de nossas casas para ajudar a salvar vidas. Essa é a nossa maior missão. Lamentamos e nos solidarizamos com as famílias por essas perdas, e damos total apoio para que essa situação seja averiguada com seriedade”, enfatizou.

Presente à reunião, o secretário de Planejamento e Gestão, Ricardo Brandão, reforçou o interesse do Estado para que a situação seja esclarecida. “Precisamos expor a verdade de tudo que aconteceu e, caso seja comprovado algum tipo de irregularidade, buscar a devida responsabilização”, argumentou.

MP apura suposta negligência

Os casos vieram à tona na última semana após a mobilização de pais. Diante da repercussão, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde, informou que está acompanhando a disponibilidade de leitos de pediatria, medicamentos e insumos da rede pública estadual, destinados ao atendimento de crianças acometidas de vírus respiratórios.

“Vamos apurar se houve omissão no atendimento às crianças que, infelizmente, morreram, e estamos à disposição das famílias. No início da semana, cobramos a realização de uma campanha para alertar a população. Estamos experimentando um aumento de internações e, com isso, deve ser avaliada a possibilidade de reativar os leitos disponíveis no Into. Em breve, realizaremos outra inspeção, juntamente com nossa equipe técnica, para aferir a ocupação dos leitos e a regularidade do atendimento”, ressaltou o promotor Ocimar Sales.

Na última segunda-feira, 6, com o aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) comunicou ao Ministério Público a decisão de ampliar os leitos de terapia semi-intensiva e, em seguida, enviou material fotográfico, com alguns pacientes já recebendo atendimento.

A falta de medicamentos e insumos no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) também tem sido objeto de fiscalização do MPAC. Na última sexta-feira, 3, foi registrada uma denúncia do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindimed/AC) com a lista de itens com estoque crítico ou “zerado”, razão pela qual foram solicitadas novas informações sobre os índices do padrão de abastecimento e as razões que ensejaram a diminuição dos estoques.

CRM apura irregularidades

Ainda na sexta-feira, 10, uma equipe do Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) realizou uma fiscalização no Pronto-Socorro de Rio Branco, que é a maior referência para atendimento de urgência e emergência do Estado.

A vistoria foi realizada pela presidente do CRM, Dra. Leuda Dávalos e pelo conselheiro diretor Dr. Virgilio Prado, acompanhados de funcionários do setor de fiscalização do CRM.

Uma das principais irregularidades encontradas, segundo o CRM, foi com relação ao local de atendimento da pediatria, que não há um consultório e, por isso, as crianças são atendidas no corredor da unidade.

“O setor de pediatria do HUERB está em um espaço improvisado, inadequado para o que se propõe. O hospital passou por diversas reformas e ampliações ao longo dos últimos anos, mas a pediatria nunca foi contemplada. Esperamos sensibilizar a Sesacre da necessidade de melhorias amplas e urgentes”, relatou Dr. Virgilio.

Um relatório com os problemas detectados será elaborado pelo CRM e enviado, de maneira emergencial, à Secretaria Estadual de Saúde para que as devidas providências sejam tomadas.

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Agnes Cavalcante: