Amigos e familiares do motorista de caminhão Luiz Felipe Nascimento, preso no último dia 25 de maio, transportando 478 quilos de cocaína escondidos em um caminhão, dentro de caixas de bolachas Miragina, realizam uma campanha de arrecadação online com o objetivo de custear um advogado para defender o rapaz. A apreensão ocorreu na Unidade Operacional de Poconé, na BR 070, e o rapaz segue detido em Cuiabá.
A vaquinha online, criada um dia após a prisão do rapaz, tem como objetivo arrecadar R$ 2 mil. “Nosso amigo Luiz Felipe foi vítima de uma cilada ! Implantaram cocaína na carga que ele levava com destino a Natal. Ele foi preso pela Polícia Federal em Cuiabá. Pedimos ajuda com o custeio do advogado pra acompanhar ele lá! Quem conhece ele sabe que não seria capaz disso! Quem puder ajudar, seremos muito gratos.”, diz o texto da campanha.
Até a última atualização desta matéria, apenas 44% da meta, ou seja, R$ 887,08, havia sido arrecadado em doações feitas por 24 pessoas.
Sem dar muitos detalhes, um amigo, que não quis se identificar, defendeu o rapaz, dizendo que ele sempre foi trabalhador.
“Já conheço o Felipe há bastante tempo, já moramos juntos, congregamos juntos, e, pelo que conheço dele, ele não teria coragem de se meter nessa situação. O Felipe sempre gostou de trabalhar, sempre vi o esforço dele pra arrumar emprego e, quando conseguia, trabalhava certinho, e sempre quis essa profissão de motorista, inclusive, adicionou a categoria, recentemente, pra dirigir carreta, mas já trabalhava na profissão há alguns anos”, contou.
Relembre o caso
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) aprendeu, no dia 25 de maio, 478 quilos de cocaína escondidos em um caminhão carregado de bolachas Miragina, uma das marcas mais tradicionais do Acre. A apreensão ocorreu na Unidade Operacional de Poconé, na BR-070, e caminhão não pertencia à empresa acreana.
Segundo a PRF, os agentes deram ordem de parada a uma carreta, que seguia sentido Cuiabá. Durante a fiscalização, foi solicitado que o condutor manobrasse o veículo de forma a colocá-lo em uma posição que não atrapalhasse os demais usuários da rodovia e também ficasse de forma segura, mas ele apresentou grande dificuldade em realizar tais manobras para estacionar o veículo, o que chamou a atenção dos policiais, pois se tratavam de manobras simples, facilmente executadas por motoristas profissionais.
Ainda conforme a PRF, ao ser questionado sobre a viagem, o motorista declarou que levaria o caminhão a pedido de uma pessoa a qual ele não conhecia pessoalmente, no Estado do Rio Grande do Norte e entregue para um terceiro que compraria o semirreboque, o qual também não sabia do valor. Afirmou ainda que não tinha certeza se voltaria para casa, não sabia informar praticamente nada sobre a viagem.
Indagado sobre a carga, informou ser uma carga de biscoito água e sal em caixas, alegando ter acompanhado o carregamento de tudo e que tinha até um vídeo de dentro da fábrica. Entretanto, ele não sabia informar o peso da carga e a nota fiscal apresentada possuía indícios de adulteração, fatos que geraram suspeita.
Diante das informações, foi realizada uma verificação minuciosa no veículo e na carga. Ao retirarem algumas caixas do caminhão, os policiais notaram que havia diferença de peso entre algumas, umas mais pesadas que outras. Em vista disso, abriram as caixas e, no interior delas, foram encontrados mais de 400 tabletes de drogas, que estavam escondidos embaixo dos pacotes de biscoito.
Perguntado sobre o ilícito, o condutor do veículo disse que havia carregado a mercadoria em uma fábrica no Rio Branco/AC com destino a Parnamirim/RN e que seu patrão solicitou que deixasse as carretas em um depósito de sua propriedade, durante o final de semana. Relatou ainda que não conhece o contratante pessoalmente, apenas por conversa via aplicativo de mensagem.
Ao total, foram apreendidos 478 kg de cocaína, o condutor foi detido, a princípio, pelo crime de tráfico de drogas e encaminhado à Delegacia da Polícia Federal de Cuiabá.
‘A gente foi vítima’
A reportagem procurou a Miragina para comentar o caso. Um dos proprietários da empresa, José Luiz, enfatizou que a fábrica foi vítima, e que todo o processo de venda é monitorado.
“O que aconteceu foi que uma pessoa veio à empresa, comprou uma carga de produtos, botou no caminhão dela e viajou. Nós fizemos nota fiscal, houve o pagamento, todos os trâmites legais que tinham que ser feitos, foi pagamento antecipado via PIX, pagou e levou no caminhão dele. Daí, a gente não é responsável depois que sai da empresa o que é feito, então, infelizmente, aconteceu de escolherem a gente pra fazer essa ação e isso nos prejudica bastante, porque a imagem de uma empresa conceituada como a nossa já há 55 anos vem ser sujada com uma ação de drogas, coisa que a gente nunca se envolveu. O carregamento foi filmado, nós temos tudo, tudo é monitorado aqui (…) a Miragina tem uma tradição aqui, a gente tem responsabilidade com o nosso nome, não ia se envolver com nada disso. A gente foi vítima!”, enfatizou.