Apontado como favorito dos acreanos ao Senado nas Eleições 2022, de acordo com as últimas pesquisas, o ex-prefeito de Rio Branco, ex-governador do Acre e ex-senador Jorge Viana (PT) foi o entrevistado na segunda-feira, 13, do programa Andrade Filho, da Rádio Gazeta 93fm.
Durante o bate papo com o jornalista e radialista Andrade Filho, Jorge Viana, que é pré-candidato ao Senado, disse que não tem o “direito de ficar de braços cruzados, de ficar indiferente para tantos problemas que o Acre está vivendo”.
Além de falar sobre seu futuro na política, Jorge Viana também voltou a falar sobre a Operação Ptolomeu, que investiga crimes na atual administração pública do Estado. No entanto, foi cauteloso ao afirmar que é preciso aguardar a sentença, pois, “ninguém pode ser acusado e condenado sem provas”, disse ele também em referência ao pre-candidato à presidência, Luis Inácio Lula da Silva.
“Essa turma da oposição agrediu muita gente, e onde é que veio a Ptolomeu? R$ 800 milhões. Não é a Polícia Federal. Quem está falando é o Superior Tribunal de Justiça, agora foi referendado por 11 minitros e eu não estou acusando ninguém, porque eu acho que ninguém pode ser acusado ou condenado sem provas, deixa a Justiça. Mas é muito grave, porque envolve o próprio governador. Quem está dizendo que ele [governador] é suspeito de ser coordenador de uma organização criminosa é o STJ e a Polícia Federal e eu digo: ‘esperem a sentença’, porque com o Lula fizeram uma maldade, uma perseguição do juiz Sérgio Moro que depois descobriram que era ladrão (…)”, ponderou.
Veja os principais pontos da entrevista:
Andrade Filho – Você já decidiu se irá concorrer ao Senado ou Governo?
Jorge Viana – A oportunidade que o povo do Acre me deu de ser prefeito de Rio Branco, governador duas vezes e Senador da república, e eu acho que eu não tenho direito de ficar de braços cruzados, de ficar indiferente para tantos problemas que o Acre está vivendo, hoje eu dou aula de mestrado em administração e gestão pública, mesmo sem mandato, mas acho que trabalhar pelo bem comum é a vocação da minha vida, eu tenho que procurar da minha parcela de contribuição, por onde eu passei eu consegui fazer boas mudanças, graças a Deus ser reconhecido, agora houve um recente encontro do Partido dos Trabalhadores (PT) recentemente agora, e o documento que o PT tirou, foi indicando meu nome no momento para disputar o Senado Federal, mas a tua pergunta também sobre o governo, as pessoas me cobram muito, nesse momento meu nome está sendo colocado para o Senado, um partido aliado nosso está colocando o nome do Jenilson, médico, um bom parlamentar, e agora começa essa semana as conversas com o PT, o PSB, nós já fizemos uma reunião da federação, eu acho que em uma hora dessa, temos que ir com calma, ouvir todo mundo, e uma pessoas que queiram promover a boa mudança, e tá vendo que foi pra muito pior na política brasileira, por isso, as pessoas que me cobram pra esse candidato, eu digo que meu nome vai tá na urna, vou está discutindo soluções para fechar oportunidades, mas obviamente ainda estamos fechando a chapa.
Eu já tenho andado pelo interior, andado, conversado muito, porque to muito triste com o que tá ocorrendo no Acre, as familías estão ficando mais pobres nos últimos cinco anos, e eu fico me perguntando se foi pra isso que as pessoas que ganharam tudo, ganharam a presidência, ganharam no senado, no governo, foi pra isso que essas pessoas ganharam?
AF – Quais as principais demandas que você identificou no interior do Acre?
JV – A quatro meses de uma eleição, não é possivel, não é porque tá em eleição que tem que tratar não, eu sempre vi a política como um espaço pra gente resolver as coisas, com planejamento, equipe, e eu fico me perguntando, qual é a explicação, para o presidente que ganhou para presidência da república, aqui no Acre teve uma votação astronômica, eles não construiram uma casa, esse pessoal não construiu uma escola, já ta no quarto ano, não construiu uma unidade de saúde, o que eu vejo, é que quem ganhou parece que não se preparou, não tem plano, não tem projeto, não tem uma obra, estou aqui na frente da Antônio da Rocha Viana, a rua que virou avenida, foi feita por mim, não construiram uma avenida, uma rua, nem aqui e nem em um lugar do estado, estão alargando um acesso ao aeroporto a três anos, eu já tinha entregado a maternidade, já tinhamos entregue o hospital infantil novo, eu peguei o hospital enterdidato, sem nada funcionando, e construí um hospital infantil, e agora vivemos esse drama das crianças morrendo, olha, essa semana, as noticías é de chorar, é muito triste ver o lamento de um pai, de uma mãe, ouvi agora da senhora Joelma, “meu filho morreu porque as autoridades não fizeram o que tinha que ser feito”, uma das diretoras do Pronto Socorro, acho que Dora Vitorino, deixou muito claro que a quinze dias atrás teve uma reunião, que falavam desse agravamento, dessa crise respiratória, desativaram os leitos, que tinham, e abandonaram, o básico não tem para os médicos atenderem, as enfermeiras, os enfermeiros, atenderem as crianças e morreram nove crianças nos últimos dois meses, e eu fico me perguntando “ÔH Ministério Público”, não é possivel, tantos promotores, tantos procuradores, tenho muita confiança que o novo dirigente do MP, possa fazer algo, porque é uma pessoa muito séria, o governador lá pra europa, viajando, é muito sério isso, a vida dessas crianças lamentavelmente, o sofrimento das familías, outras podem ter o mesmo fim, agora não ter o básico no Pronto Socorro, não ter, eu vi o desespero, de uma diretora, falando com a sub secretária, ‘eu não sei mais o que fazer, os médicos desesperados, sem saber o que fazer com criança dentro do samu, sem saber pra onde levar’ as pessoas tem que sair pra fora do Acre pra fazer aplicação, um grande hospital do juruá foi feito todo na época que fui governador, então dá pra fazer um trabalho na área da saúde preventivo, prevendo esse surto, essa das crianças, ela já está sendo alertada a meses, foi pra isso que essas pessoas ganharam? foi pra isso que elas chegaram no poder? é uma situação muito crítica, não é porque eu gosto de falar não, é a falta de esperança pra nossa juventude, falta de obras, eu gostava quando tinham orgulho, orgulho de ser acreano.
Quando eu falo que vou seguir na política as pessoas falam, agora a emoção também, ela que leva a gente, eu falei outro dia com uma reunião com pastores, eu falei, gente, eu não consigo entender, inclusive o posicionamento de alguns religiosos nesses últimos tempos, to falando do presidente sair distribuindo armas, e ter gente que defende isso, e eu falei ‘ Pastores, vocês lutam muito pra tirar um presidiário ou um ex presidiário do crime, ai vocês vão convencer esse cara a abrir mão de usar armas, essa pessoa que já foi condenada, que já tirou vidas, você vai lá tentar salvar essa alma, ele aceita Jesus, vai pra tua igreja, ai entra um governo, que não, vamos distribuir armas’. É como você salvar um dependente quimíco de cocaína, salvar a familía e alguém chegar lá e falar, pega um pouco de droga, isso não é civilizado, pra mim o meu maior líder político foi Jesus, Jesus não pregava ódio, nem distribuiria armas, ele pregava o amor, o abraço, a solidariedade, cuidava do estrangeiro, do desconhecido, ta cheio de gente pedindo comida na rua, a gente passa ver uma familía tirando comida do lixo, é muito triste.
AF – O país voltou para o mapa da fome. Senador, e aí?
JV – A sensação é quase inacreditável. A pior coisa é você ter conquistado algo e depois perder aquilo. O Brasil tinha saído do mapa da fome, todas as famílias tinham pelo menos um pouquinho para fazer três referições por dias, e agora não conseguem nem cozinhar. A pessoa compra uma moto e não tem dinheiro nem pra abastecer por causa da gasolina, o caminhoneiro não consegue abastecer seu caminhão pra ganhar seu dinheiro. Nos últimos cinco anos o Brasil entrou em uma crise, eu não xingo e nao culpo quem foi enganado, porque tem muita gente que votou e foi enganado (…) Mas eu digo o seguinte, olha pra quem já fez. Não é possível que alguém tem 30 anos de mandato que nunca fez nada e tu vai achar que vai fazer agora, não vai.
AF – O Lula está na liderança segundo as pesquisas. Como você tá vendo o comportamento da população em relação ao Lula?
JV – Se o Bolsonaro tivesse fazendo um governo razoável, ele estaria na frente das pesquisas, porque o povo brasileiro é generoso. Sempre quem disputa a reeleição tem mais chances de ganhar do que quem não disputa. Eu fui reeleito com o maior percentual de votos no Brasil quando eu fui governador, porque o povo viu que eu tava trabalhando e que merecia seguir adiante. Bolsonaro está lá atrás e o Lula na frente, porque o pessoal tá lembrando do período que o Lula foi presidente, pois era um período em que as pessoas trabalhavam, ganhavam seu dinheiro, os mais pobres tinham acolhimento, a juventude tinha emprego… é uma pena, quando eu vejo jovens simpáticos a essas ideias do Bolsonaro eu fico triste, porque foi o Lula que fez Universidades, fez o Ifac, ampliou os campos universiários (…) mudou a história das famílias.
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