O debate na Câmara de Vereadores de Rio Branco, nesta quinta-feira, 23, girou em torno da situação da saúde pública do Estado do Acre, trazendo para o foco a morte das dez crianças acreanas por Síndrome Respiratória Aguda. O assunto foi destacado pelas mulheres da Associação Brasileira de Advogados do Acre (ABA/AC), que a convite da vereadora Lene Petecão (PSD) participaram da Tribuna Popular.
Com dados e informações, as advogadas da ABA/AC alertaram sobre o que chamaram de “crise” enfrentada pela saúde pública do estado , responsabilizando governo e governantes pela situação. “Eu fui voluntária no Hospital da Criança, conheço a realidade. Em 2019, já tínhamos apresentado essa problemática, a necessidade das UTIs [Unidade de Terapia Intensiva]. O que precisa ser cobrado é o que foi feito e por que os leitos estavam fechados e as crianças não tiveram acesso à UTI”, afirmou a a advogada e diretora-geral da ABA/ACRE, Gracileidy Bacelar.
Emocionada, a presidente da Comissão de Mulher da ABA/AC, Eleni Melo, se solidarizou com as mães das crianças. “Eu tive um familiar muito próximo que morreu em condições parecidas. Eu sei como dói você procurar um atendimento, as pessoas que estão ali até tentam, mas não têm o mínimo necessário de medicação, não tem UTI, e isso é um problema que se arrasta há muitas gestões. Aqui eu externo a minha solidariedade às mães e familiares das crianças”, disse.
A vereadora e presidente da Comissão de Mulheres, Lene Petecão, cobrou uma resposta do poder público. “Nessa casa legislativa, apenas duas mulheres são vereadoras e nós não podemos nos furtar de debater esse assunto, que tem comovido a sociedade. Queremos uma prestação de contas do governo para saber o que realmente aconteceu”, destacou a parlamentar.
De maio a junho, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) confirmou a morte de dez crianças, entre dois meses e quatro anos de idade, por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), em decorrência da superlotação dos leitos de Terapia Intensiva infantil no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), além da longa fila de espera por vagas. A Sesacre abriu uma sindicância para investigar os casos.