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Performando o escárnio

Analisando com calma a situação do Brasil, cheguei à conclusão que várias atitudes do atual governo não pretendiam coisa alguma a não ser fazer raiva em seus inimigos. Pelas críticas que recebeu e recebe decidiu irritar os intelectuais, os artistas, cientistas e apenas isso. Somente com esse propósito. Sem chegar a lugar algum. Não existe e nunca existiu um projeto de construção.
Apenas deboche, avacalhação e desrespeito. Aos poucos, nestes quatro anos, fomos nos adaptando a essa lógica ilógica, a tal ponto de, por algum tempo, normalizarmos a situação, até que faltou comida na mesa da maioria.

Mesmo sem elaboração o único projeto existente é o de nos fazer passar raiva, de vulgarizar coisas sérias, de debochar do que nos é importante. Sabe-se que esse sentimento chamado raiva, é uma emoção que experimentamos tantas vezes nos últimos anos, e pode tanto nos secar, nos paralisar, fazer definhar, enfraquecer, virar tristeza sem fim, se transformar em depressão. Quanto pode ser combustível, alimento, força, aquela energia que não deixa a gente parar.

A realidade é feita de lutas necessárias por igualdade, equilíbrio social e justiça que passam por exercícios e dispositivos de garantia de que a perspectiva de uma pessoa ou grupo não vá assumir o controle e se tornar a realidade de todos. Sua perspectiva não compõe a minha realidade, a minha perspectiva não necessariamente compõe a sua.
O certo é construir uma realidade conjunta onde as perspectivas individuais não prejudiquem nenhum dos sujeitos envolvidos, na construção conjunta de uma realidade é a base mínima para que todos possamos construir qualquer coisa juntos. Quem já mostrou a que veio sabemos do que é capaz. É preciso alternativas, projetos viáveis que se sustentem e dispensem esmolas de auxílios isso ou aquilo, é preciso responsabilidade para escolher. Ainda dá tempo.

Beth Passos
Jornalista

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