A abertura do 10° Fórum Social Pan-Amazônico reuniu milhares de pessoas dos mais diversos estados brasileiros e países da Amazônia, em Belém, na noite desta quinta-feira, 28. Organizadas em coletivos, a comitiva de acreanas que participa do evento foi às ruas protestar contra os altos índices de feminicídios no Acre e Brasil.
Com cartazes e uma faixa da campanha nacional do Levante Feminista Contra o Feminicídio, as mulheres do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA) e do Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (Mama) pediram respeito e a saída do presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem responsabilizam pela ‘cultura do ódio’ propagada no país.
“Amazônia querem lhe acabar, as mulheres não vão deixar, as mulheres não vão deixar”, cantaram em coro as acreanas. A presidente do IMA, Concita Maia, destacou que a luta é por políticas públicas. “Viemos lutar pelos nossos direitos, se manifestar contra o governo genocida que está na Presidência e tem disseminado povos e populações com retirada de direitos e políticas públicas”, salientou.
A dirigente espiritual da Tenda de Umbanda Luz da Vida, Mãe Mara Joana de Xangô, pediu respeito às religiões de terreiro. “Respeito às nossas vidas, às mulheres, aos povos indígenas e ao povos de terreiro”, disse.
O Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA) é um evento de alcance global que surge no âmbito do Fórum Social Mundial, para lutar pela vida, a Amazônia e seus povos. É um espaço de articulação dos povos e movimentos sociais para a incidência e a resistência política e cultural frente ao modelo de desenvolvimento neoliberal, neocolonial, extrativista, discriminador, racista e patriarcal. As atividades iniciaram nesta quinta-feira, 28, e se encerram no próximo domingo, 31.
Nesta sexta-feira, 29, o IMA e o Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (MAMA) lançam no Fospa a Agenda 2021/2030 das Mulheres da Amazônia na Casa dos Povos e Direitos. A Agenda foi construída e elaborada por mulheres dos nove Estados da Amazônia Legal Brasileira e apresenta estratégias para fortalecer as políticas públicas para mulheres na região. Além de elaborar propostas que possibilitem avançar na garantia e na ampliação de direitos sobre os territórios numa perspectiva interseccional e integradora de múltiplas realidades, influenciando mudanças na agenda pública que melhore a qualidade de vida das mulheres em suas diversas pluralidades.
Feminicídios Acre
Há quatro anos consecutivos, o Acre lidera o ranking nacional de feminicídios [homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher].
Nos primeiros seis meses de 2022, foram registrado oito casos de feminicídios. Em 2021, foram registrados 13 assassinatos de mulheres por questão de gênero. Ao que tudo indica, o Acre pode liderar pelo quinto ano consecutivo o ranking nacional de feminicídios, sendo um dos lugares mais perigosos para mulheres viverem.