Os Mashco Piro — povo indígena nômade da Região da Amazônia Peruana e Brasileira — apareceram na Terra Indígena Mamoadate do Rio Iaco, mais especificamente, na Aldeia Extrema, situada em Assis Brasil, no início da semana. A aparição foi confirmada pela Associação Manxinerune Tshi Pukte Hajene (Matpha), que fez contato com o Ministério Público Federal (MPF), na última quarta-feira, 12, para comunicar a situação e pedir auxílio.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) também foi informada pelas famílias, que pedem ajuda para mediar a situação, tendo em vista que a comunidade não quer fazer contato com os indígenas em isolamento, para que não haja transmissão de doenças aos mashco. Ao MPF, o o cacique da aldeia Extrema, Alberico Manchineri, contou com se deu a aproximação. “Ouvimos uns assobios e manifestações próximas ao tabocal”, disse.
A situação preocupa a Matpha, tendo em vista que os “isolados” [como são conhecidos os povos não contatados] não possuem cobertura vacinal, sendo alvo mais fácil de doenças por não possuírem resistência imunológica.
“Gracinha, estamos muito aperreados porque os ‘índios brabos’ estão do outro lado, assoprando e remedando [imitando] macaco preto, inclusive, já passou do outro lado. Estão bem próximos da gente, precisamos avisar a Coiab e Apib, pois estão bem próximos”, informou o cacique ao pedir ajuda para a Matpha.
Em nota, a Matpha observou que “a União tem o dever de proteger os povos indígenas, principalmente, devido às decisões cautelares determinadas pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental número 709 (ADPF 709), que é uma vitória do movimento indígen, em meio ao devastador impacto da pandemia do Covid-19. É necessário que a Funai e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) possam em conjunto com as organizações indígenas local, regional nacional, encontrar mecanismo para auxiliar as famílias Manchineri da Aldeia Extrema, bem como organizar equipes para cuidar da saúde dos parentes em isolamento, para garantir a vida e a segurança de ambos”.
Para o sertanista José Carlos Meirelles, a razão pela qual os Mashco Piro se aproximaram de indígenas já contatados é pressão que madeireiros e garimpeiros fazem nas florestas. “Com a feitura da Estrada Transamazônica, a cabeceira desses rios estão sendo exploradas pelo garimpo e madeira. Então, o território deles está ficando menor. Por isso, eles têm circulado mais pela Amazônia Brasileira”, frisou Meirelles.