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Louco

            Sonho em avassaladoras noites febris

            Crepúsculos sombrios, cenários hostis

            Ou me vem à memória a infância feliz

            Sombras turvas começam a rodopiar.

Em um sonho sonhado meio a esmo

Beliscava queijo, salame e torresmo

Semana passada, ou agora mesmo

Duas vezes consegui me apaixonar.

            E isso nos pariu versos aos borbotões

            Cem estrofes para dois suaves sermões

            Bom para a poesia, ruim para os corações

            O meu e o dela que ainda estão a latejar.

O poema se deleita e até se locupleta

Ante o sofrimento do maldito poeta

O trovador finge ser um reles profeta

Loucos, bizarros, vadios, todos eles são.

Categories: Cláudio Porfiro
Cláudio Porfiro: Cláudio Motta-Porfiro é romancista, cronista, poeta e palestrante. Membro da Academia Acreana de Letras. Email: claudioxapuri@hotmail.com