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Mãe de Santo do Acre denuncia intolerância religiosa em 10° Fórum Social Pan-Amazônico

Belém reuniu milhares de pessoas durante o 10° Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), realizado de 28 a 31 de julho. Promovido de dois em dois anos, o evento tem alcance global e juntou na Universidade Federal do Pará (UFPA) diferentes coletivos, dos mais diversos países e estados brasileiros, que dialogaram sobre a resistência política e cultural frente ao atual modelo de desenvolvimento neoliberal, neocolonial, extrativista, discriminador, racista e patriarcal.

Convidada pela equipe organizadora do próprio Fospa, por indicação do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA), a dirigente da Tenda de Umbanda Luz da Vida (AC), Mãe Marajoana de Xangô, aproveitou o espaço que teve na mesa sobre ‘O Direito à Espiritualidade Pan-Amazônicas: Combate ao Fundamentalismo Religioso’, no último sábado, 30, para denunciar os casos de intolerância religiosa que tem sofrido em canais do Youtube.

A mesa contou com lideranças internacionais e da Amazônia (Foto: Maria Meirelles)

Em março de 2022, a mãe de santo teve um vídeo no qual entra de mãos dadas com um pastor e um padre, em um culto ecumênico, divulgado de forma negativa em canais evangélicos. Após e repercussão, Marajoana foi vítima de ataques de racismo religioso e ameaças de mortes. No Fospa, ela pediu ajuda das autoridades internacionais.

“Venho pedir ajuda do Fospa, das instituições aqui presentes e dos governos brasileiro e internacional para frear esse tipo de violência que  a gente vem sofrendo. Tenho recebido mensagens no meu Whatsapp de pessoas que eu nem conheço, pelo simples fato de eu ter entrado numa igreja de mãos dadas com um pastor e um padre. Os comentários dos vídeos são ainda mais absurdos. Tudo isso fere, deixa a gente com medo e, sinceramente, não quero receber uma placa de heroína morta. Quero desfrutar das minhas honrarias viva”, declarou Mãe Marajoana.

Comentários ofensivos no vídeo da mãe de santo

Ainda segundo a mãe de santo, no Acre as instituições responsáveis por investigar o caso e responsabilizar os agressores, até hoje não deram retorno sobre a denúncia. “Na delegacia não queriam nem fazer o boletim de ocorrência, os demais órgãos não sabiam como proceder pois os autores da agressão não eram do Acre. E como eu fico?”, indagou.

O debate sobre ‘O Direito à Espiritualidade Pan-Amazônicas: Combate ao Fundamentalismo Religioso’ foi mediado pela presidente do IMA, Concita Maia, e contou com a participação do xamã da Venezuela, Muwanisha Julio’l; do padre do Amazona, Ricardo Gonçalves Castro; da liderança indígena do Peru, Jaime Corisepa Neri; da candomblecista e membro do Centro de Defesa do Pará, Nazeré Cruz, e da Mãe de Santo do Acre, Marajoana de Xangô.

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