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‘Não vamos inventar a roda’: pré-candidato ao governo do Acre pelo PSOL, Nilson Euclides defende governo pautado na participação popular

(Foto: Brenna Amancio/Gazeta FM)

Pré-candidato ao governo do Acre, o professor Nilson Euclides da Silva (Psol) foi o entrevistado desta sexta-feira, 12, na rádio Gazeta 93FM. Durante vinte minutos, ele falou sobre suas propostas e classificou esta como a Eleição mais importante da atual geração e, claro, se colocou como protagonista.

“Considero essa eleição talvez a mais importante da nossa geração, como ela é uma eleição que eu considero a mais importante da nossa geração, eu obviamente como cientista politico, como professor e como apaixonado pela politica que sou, não poderia deixar de ser parte, de ser protagonista dessa história, eu acho que é isso talvez o sentimento que me move”, ponderou o pré-candidato.

Aos jornalistas Brenna Amâncio e Tiago Martinello, Nilson Euclides também defendeu um governo popular, que ouça as pessoas para uma democracia, de fato. Ele também alfinetou os negacionistas da ciência que “de dia rezam pra Deus, e de noite fazem uma oraçãozinha pro diabo”.

“A ciência tão negada nesses últimos anos por esses governos que estão, e aqui no Acre tem muitos apoiadores desses, que de dia rezam pra Deus, e de noite faz uma oraçãozinha pro diabo, esse tipo de coisa que nega a ciência de dia, e de noite fazem conferencia dizendo que precisa disso e daquilo, a gente precisa parar com essa hipocrisia, as pessoas precisam se colocar de forma transparente, e dizer o seguinte olha, não dá pra negar a ciência”, disse.

(Foto: Brenna Amancio/Gazeta FM)

Leia a entrevista ou ouça no final da matéria:

Brenna Amâncio – Vamos começar a nossa entrevista pedindo pro senhor contar para os nossos ouvintes quem é Nilson Euclides, quem é o senhor e como é que o senhor vem para disputar e engradecer esse processo eleitoral, que é a disputa ao governo do estado.

Nilson Euclides – Bom, o professor Nilson Euclides da Silva, é professor associado à Universidade Federal do Acre, é um menino que nasceu ali no interior de São Paulo, muito cedo foi pra capital, tinha uma família grande de 12 filhos, e lá eu fiz minha carreira, digamos assim. Naquele processo normal de todo garoto que vai pra cidade grande, começa trabalhando como office boy, depois vai ser auxiliar, enfim essa minha trajetória até os 20 anos, depois vim morar em Porto Velho, onde trabalhei em uma empreiteira Odebrecht, em que eu trabalhei por 4 anos e meio ali na usina de Samuel como assistente técnico, trabalhava com projeto de construção civil e fiscalização, depois desse período na Amazônia, meu primeiro contato com a Amazônia, eu retornei a São Paulo para fazer faculdade de engenharia, cursei dois anos de engenharia na Mackenzie, mas vi que não era minha praia, minha praia sempre foi comunicação, sempre foi politica, filosofia, eu lia sobre autores, filósofos e aquilo era realmente o que eu gostava. Depois apareceu oportunidade, eu tinha família que morava aqui no Acre, e eu vim fazer uma visita junto com ela, ajudar meu cunhado em algumas coisas que ele tinha aqui, a intenção não era morar aqui, mas com o tempo fui ficando, estabelecendo relações de amizade, amorosas, sentimentais, e ocorreu que acabei fazendo universidade aqui, cursei ciências sociais em 1996, e depois na sequencia já fui fazer o mestrado e um doutorado na PUC São Paulo, por meio de um convenio entre a UFAC e a PUC de São Paulo, o resto é a história que vocês já conhecem, a Universidade, a Uninorte me selecionou na área de politica e sociologia, resumidamente é isso, mas eu digo a vocês que nesse período de quase 30 anos sendo cidadão acreano, construirão praticamente o que eu considero a parte mais importante da minha historia, que é a construção dessa personalidade que hoje é publica, você perguntou sobre esse desafio a ser candidato do governo do Estado do Acre, é parte dessa construção de uma personalidade, de uma identidade acreana, amazônica, que tem uma sintonia com todos os problemas e todas as possibilidades enquanto professor, que nós vamos estudando, discutindo, e vemos que o momento é de extrema gravidade, a democracia sofre ataques diários, e aqueles que tem responsabilidade com a democracia, os homens e as lideranças politicas que tem responsabilidade com o Brasil e com o Acre precisam se posicionar, é esse movimento que eu faço saindo da Universidade e tentar obviamente acrescentar de forma propositiva, qualificada, o debate politico no Acre, essa é inicialmente a nossa intenção.

BA – O que despertou essa vontade de concorrer ao governo do Estado do Acre? Tem a ver com o final da sua primeira resposta?

NE – Tem a ver sim, a medida que o tempo vai passando você vai, tem mais de 20 anos que eu analiso a politica no Acre, eu tenho uma tese de doutorado que fala exatamente sobre essa questão politica no Acre, ascensão da frente popular. Enfim, esse debate politico que começa já no final dos anos 70 pros anos 80, e isso se consolida com o projeto de homogenia do poder, levado a cabo pela frente popular, eu escrevi sobre isso, e, analisando eleição pós eleição eu acho que esse momento e, essa eleição é muito importante, eu considero essa eleição talvez a mais importante da nossa geração, como ela é uma eleição que eu considero a mais importante da nossa geração, eu obviamente como cientista politico, como professor e como apaixonado pela politica que sou, eu não poderia deixar de ser parte, de ser protagonista dessa história, eu acho que é isso talvez o sentimento que me move, e claro obviamente a preocupação que eu tenho com meus dois filhos, o futuro afinal de contas nós estamos na Amazônia, nós estamos em um estado que está cada dia mais parado no tempo ou retrocedendo, pega os dados econômicos do Acre, eu estava dando uma olhada pouco antes de vir pra cá, estava dando uma revisada em uma tabelas que eu tenho, os indicadores econômicos, atividade industrial, é pavoroso, só pra você ter uma ideia um dado, a plantação de mandioca, que é o principal produto agrícola do Acre caiu 40% nos últimos anos, como se explica isso? Isso é algo muito errado, eu estou preocupadíssimo com o agronegócio, por duas questões, ele não é de primeiro mundo, não é um agronegócio do século 21, o discursos das lideranças dos agronegócios do Acre precisa se atualizar, precisa se qualificar mais, muito preocupado em fazer esse discurso que a floresta derrubada ela gera riqueza e em pé não, o extrativismo é algo que não sei o que, não, eu acho que o agronegócio tem espaço, e precisa melhorar a produção, nós precisamos aumentar, mas ele tem que incluir dentro desse processo de produção, que é o grande problema, se você ouvir as lideranças do agronegócio no acre eles vão dizer pra você que o problema do Acre é produção, nós temos que ter produção, que a produção ela desencadeia uma atividade econômica, ok, mas você precisa de agricultura familiar e a pequena propriedade dele nesse processo, porque se não, não tem agronegócio, qualquer lugar onde o agronegócio floresça a agricultura familiar é feita e o agronegócio tem origem na agricultura familiar, é isso que eu acho que é o agronegócio de primeiro mundo, e claro, tecnologia, novas formas de colheita, estudo, a ciência tão negada nesses últimos anos por esses governos que estão, e aqui no Acre tem muitos apoiadores desses, que de dia rezam pra Deus, e de noite faz uma oraçãozinha pro diabo, esse tipo de coisa que nega a ciência de dia, e de noite faz conferencia dizendo que precisa disso e daquilo, a gente precisa parar com essa hipocrisia, as pessoas precisam se colocar de forma transparente, e dizer o seguinte olha, não dá pra negar a ciência, o agronegócio hoje ele é basicamente fruto e produto de pesquisa, das Universidades, da Embrapa, como é que você vai negar a ciência? Vai negar a vacina? Como é que eu posso me associar a um governo que nega vacina? Mas ao mesmo tempo ir na televisão de dia dizer que o negador da vacina, o negador da ciência é o meu candidato e vai levar o Brasil pra frente e depois ir na televisão dizer na mesma entrevista que nós precisamos de tecnologia, que nós precisamos de ciência, precisamos de pesquisa, que loucura é essa. Eu sou muito claro e transparente, eu não nego a ciência, eu sou um cientista social, a ciência é fundamental pro desenvolvimento de qualquer nação, negar a ciência significa você assinar um atestado de mediocridade e de ignorância, o Acre não pode ficar refém desse discurso absurdo, então a ciência é fundamental, é a ciência que vai levar o homem e está levando o homem para o século 21, e vai levar certamente o Acre para o século 21, no agronegócio, no extrativismo, na industrialização, porque se você pegar a participação da indústria acreana no PIB, não chega a 7%, se você pegar por exemplo o ranking que saiu agora em 2021 dos estados do Brasil, o Acre está em 26°, educação em 22°, porque voce tem indicadores que somados colocam na rabeta, pra usar uma expressão bem popular, nós precisamos mudar isso, mas isso é um trabalho de médio e longo prazo.

Tiago Martinello – Eplica então para o nosso ouvinte, o que é essa ideia de governo pautado na participação popular?

NE – Olha, eu acho que a gente precisa retomar esse debate de forma muito séria, quando a gente fala em governo popular parece que a gente está xingando alguém, mas é extremamente importante, então, acredito em democracia, afinal de contas eu sou professor de teoria politica e ciências politicas, a democracia se faz com o povo, se alguém tiver alguma tese contrária, tente me convencer, mas existe a teoria das elites, mas eu estou falando democracia, democracia efetivamente, então a democracia se todo poder emana do povo e por ele deve ser exercido através de seus representantes, o que eu estou apontando, o que nós estamos apontando no nosso programa e é um dos tripés do nosso governo que é a participação e a transparência do desenvolvimento, a participação. Primeiro, não vamos inventar a roda, nós vamos implementar algumas novas tecnologias, que vão potencializar e ampliar cada vez mais essa capacidade de participação, nós precisamos fazer um debate, e esse debate é retomar, reorganizar os movimentos sociais, as associações, os sindicatos, que ficaram perdidos na ultima década, eles simplesmente não tem mais capacidade de mobilização, primeiro você precisa identificar os sindicatos, as associações, como é que se participa efetivamente, qualquer democracia do mundo. É interessante quando se fala de participação, porque não estamos falando de um individuo só, isolado, atômico, aquela ideia de uma unidade, de cada individuo um voto, de que a participação se dá na urna, nós estamos falando de uma participação de consciência de classe, que tem haver com categoria social, vocês jornalistas tem a categoria social de vocês, tem um representante de vocês, que leva a pauta para os espaços de deliberação, quando falo de participação é nesse sentido, primeiro você tem obviamente uma matéria prima bruta dentro da sociedade que se distribui entre diversos sindicatos e associações que estão ligados a um quarto quinto plano, do ponto de vista da ação politica, hoje os partidos, as lideranças que controlam o orçamento da união, e aqui nós temos representantes que são os senhores do orçamento, que são representantes direto desse absurdo que é o orçamento secreto, e são esses senhores que de certa forma mandam no orçamento. Trazer a participação é primeiro identificar, reorganizar essas categorias, que representam determinados grupos da sociedade e depois potencializar por meio de uma plataforma digital, fica difícil a gente dar detalhes disso, mas o fundamental é a participação se dá e deve se dar através da participação coletiva, não é pra você criar mecanismos de participação individual, essa participação tem que ter correlação direta com a capacidade de deliberação, ou seja, fazer conferencias, organizar essas categorias profissionais, e sintetizar demandas de forma que elas sejam objetos de deliberação, inclusive com a participação direta desses representantes, não estou dizendo para substituir o poder legislativo, porque tem alguns tolinho de plantão que vão dizer que estou propondo isso, mas não é isso, eu estou falando que você tem um orçamento de 8 bilhões e que esse orçamento precisa ser investido, e você vai investir ouvindo essa população e dando a ela poder deliberado.

BA – Vamos falar da composição da sua chapa agora, como foi o processo de escolha da sua vice, que é a agente administrativa Jane Rosas, e como está a sintonia entre vocês dois?

NE – É um prazer, primeiro que a Jane Rosas é uma militante do PSOL, é uma das pessoas que já passou por cargos de diretoria dentro do partido, ela é muito bem articulada com o movimento de mulheres aqui no Acre, e vai ter um papel fundamental, pois afinal de contas eu tenho consciência, até como cientista politico e cientista social, de que o século 21 será o século de consolidação do protagonismo da mulher, não só na ciência, na politica, nas artes, a mulher vai ser a protagonista e vai ter um papel fundamental inclusive nesse processo de reorganização do sistema politico, da democracia em nível mundial, no Brasil o PSOL é um partido que tem espaço e faz questão de garantir esse espaços de participação das mulheres, então eu me sentiria muito desconfortável se eu não tivesse uma companheira na chapa como a Jane Rosas, que conhece profundamente o partido desde o seu inicio, tem uma articulação muito boa com o movimento de mulheres do Acre e vai ter um papel fundamental principalmente na articulação e na interlocução com esses movimentos, as nossas mulheres tem esse outro olhar, e esse outro olhar é fundamental nesse momento de crise extrema no sistema politico, do sistema econômico e obviamente da violência contra as mulheres.

TM – Como professor que vive na sala de aula, eu queria te perguntar sobre a atenção que você vai dar nas suas propostas no seu plano de governo para essa área tão importante do nosso estado.

NE – Olha eu gostaria de dividir essa resposta em duas partes, primeira parte é sobre um projeto que está apresentado de forma muito subjetivo no nosso programa, por conta das dificuldades que a gente teria em apresentar detalhes mais técnicos dessa ideia que nós temos, mas nessa primeira parte eu poderia lhe responder o seguinte, nós podemos falar em três ciclos na educação, infantil, depois ensino médio e depois ensino superior, falando do ensino infantil, nós sentimos muita falta de vagas nas escolas de ensino infantil, tem problema de creche, nesse primeiro ciclo implantar um sistema desse projeto que atenderia o primeiro e o segundo ciclo da educação, vai requerer um investimento muito alto, não só de efetiva construção da parte física que é esses centros de educação, de integração e sociabilidade, que articularia a educação infantil, a educação nesse primeiro ciclo, com outros instrumentos sociais inclusos dentro desse mesmo espaço, pra ter a grosso modo, não estamos falando nada de novo não, eu to falando do siepse de Brizola, só que com uma repaginada, esse siepse, vou usar essa expressão porque é o que a gente mais tem na memoria, ele seria obviamente implantado efetivamente nas áreas com menores indicadores econômicos e sociais, eu to falando da periferia, to falando do SEU lá de São Paulo, que são espaços de educação integrada, com arte, cultura, infraestrutura, meio ambiente, é disso que nós estamos falando, então pensar em um projeto de educação com essa estrutura requer apoio da bancada em Brasília, recursos do próprio estado, recurso por meio de convênios, porque nós estamos falando de um projeto de um centro integrado de educação, mas que vai entregar as pessoas, saúde, educação, infraestrutura, meio-ambiente, segurança publica. Esse é um projeto que até o final do nosso governo, é um compromisso que estou assumindo, de implementar pelo menos um projeto piloto numa área na cidade de Rio Branco, e fazer com que esse projeto piloto mostre para sociedade acreana, mostre pra classe politica do Acre, o modelo e deixar o exemplo, esse seria talvez o primeiro momento, agora para o Ensino médio, a nossa juventude está perdida para o crime organizado, nós temos que estabelecer escolas em tempo integral, tanto no primeiro ciclo, tanto no segundo, escolas de tempo integral significa manter o aluno podre e periférico dentro da sala de aula, por meio de projetos de politica publica que possam manter por meio de transferência de projetos e de renda, para que possa ajudar esse aluno a se manter na escola e manter também a sua família dentro desse espaço escolar, com atividades envolvidas no seu cotidiano.

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*Colaborou Ludmyla Maia

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