Olá devanetes queridos(as)! Estive de férias por um tempo e não é fácil manter a criatividade em plena execução…Por vezes, é necessário mesmo darmos um “OFF”, como dizem atualmente, risos.
Nesse interim, entretanto, pude silenciar e, atentamente, observar a que “tantas” anda o mundo… E, numa melancolia profunda, deparo-me com as incertezas próprias de todos os eventos que estão ocorrendo na atual existência.
Em meio a tantos devaneios e reflexões, pego-me ancorada no filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855), dinamarquês que trabalhou tão bem o conceito de angústia e liberdade, dando as raízes fundantes da Filosofia Existencialista e, ainda, da abordagem existencialista na Psicologia.
Trago este grande pensador porque acredito na importância de pensarmos o viver e “se relacionar” humano a partir de bases filosóficas que nos remetem a explicações que, porventura, nos auxiliem a entender porque sentimos o que sentimos….
Então, Kierkegaard, lá por volta de uma época em que o mundo também se encontrava meio “esquisito” – Revolução Industrial, Revolução Francesa, inaugurando-se um momento profícuo para as artes, liberdade de expressão, transformações nos modos operandi econômico, e isto tudo influenciando e impactando a sociedade da época-, ele se debruça sobre questões existenciais do humano. A possibilidade de escolha que todos temos; e, com a liberdade, uma sociedade que estava experimentando o ir e vir, mas vivenciando, sem medida, a angústia.
Qualquer semelhança com os tempos atuais não é mera coincidência.
Neste contexto, Kierkegaard produz sua teoria e suas obras, dentre elas “O conceito da Angústia” (1844), tendo como escopo a seguinte determinação: “A angústia é a vertigem da liberdade”. Como análise, esse filósofo reflete que, sim, é importante termos muitas liberdades e que estas sejam vivenciadas por todos nós, mas, por outro lado, será que é tão saudável assim?? Ou é melhor compreendermos que compramos um “pacote”, assim como esses combos que hoje adquirimos, que vem com tantas possibilidades de gigas, com canais, streaming, podcasts, músicas, palestras, ufa…cansei… (pausa pra água). E que esse mesmo “pacote”, com múltiplas possibilidades, trará, muitas vezes, uma sensação de “vazio” por não sabermos o que escolher pra assistir.
Ora, o que mais estou presenciando, em grande medida, são as pessoas extremamente angustiadas, vivenciando um ir e vir frenético, rotinas estafantes, obrigações múltiplas. Paralelo a isso, considero um fator extremamente preocupante o “dever ser”, de algum jeito que alguém, por uma indústria de marketing ou qualquer ramo, resolve dizer que precisamos fazer, ter, nos comportar de qualquer forma que nos ajuste às demandas da sociedade ou até mesmo às comparações absurdas incentivadas pelas redes sociais.
Esses dias, conversando com uma amiga, ela disse: “Tá tudo meio bagunçado”. É, minha cara amiga, está tudo mesmo meio bagunçado. E nós estamos como?? Na bagunça! O que, inevitavelmente, gera, por demais, esse sentimento de confusão e angústia.
Particularmente, no mês de setembro, quando estamos “convivendo” com números alarmantes de pessoas com depressão, ideação suicida, tentativas e consumação, vale o alerta: o que mais precisamos compreender para mudar esse quadro alarmante e sairmos do patamar do país mais depressivo da América Latina?
Com certeza, é começar a arrumar a “bagunça”.