A tolerância tem que partir da gente para alcançar o outro, no geral as pessoas muito religiosas não sabem o que dizem.
Voltaire parte do pressuposto, absolutamente questionável, de que sou eu que preciso compreender, elas medem tudo por uma bitola e não vão ter condições de entender que a existência não tem finalidade alguma.
Se a gente se colocar numa posição na qual possamos olhar de cima, veremos que Deus não está nem aí para ninguém, os planetas giram em torno do sol e repetem o movimento para cumprir a lei que foi ditada pela natureza, que se depender da vontade divina morreremos de tédio.
O que temos de fazer é incrementar, os melhores cozinheiros sabem que o incremento dá sabor à razão, quem sabe possamos gozar os prazeres da vida e desenvolver o conceito aqui mesmo, no meio do mundo?
A filosofia é uma ciência que lida com as misturas para dar à razão o poder de fazer a história, a religião quer acomodar os destinos e ignora as cores da liberdade, partimos da lógica para chegar na poesia, o elemento poético é imprescindível.
A mentalidade religiosa prende-se pela convicção, mas não existe nada grande nem nada pequeno, o homem é do tamanho da realidade, as mulheres que acompanham não se iludem, mais do que prudentes elas são sóbrias e assumem a responsabilidade.
Podemos ser interessantes, no entanto, e pensar diferente, do contrário seremos acusados de frivolidade; o fato é que quem tem a mentalidade ajuizada sabe que não há ciência sem pressupostos, que não adianta se desesperar, pois estamos sustentados em valores, a ciência é um valor!
Entende-se, a tolerância tem que partir de mim, civilização é abertura para o outro. O fluxo de consciência, como estilo literário marcadamente moderno, não se limita ao eu tomado em si mesmo, no estilo voltairiano tem significado iluminista, perguntamos pela sociedade que faz sentido, para nós que nos entendemos.
Voltaire percebeu o caráter revolucionário do entendimento, resolvemos as contradições para compreender a individualidade, no sentido de que o indivíduo não pode ser confundido com uma estrela encerrada em limites espaciais, o indivíduo mais se assemelha a um cometa, que existe enquanto contamos o tempo em que vivemos a vida em sua plenitude, depois virão os estudiosos querendo saber qual o domínio das palavras e como podemos medir o poder do conceito.
Beth Passos
Jornalista