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Evandro Ferreira

Evandro Ferreira

Evandro Ferreira é pesquisador do INPA e do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). Email: [email protected]

Geoglifos – obra de gente da floresta

Evandro FerreiraporEvandro Ferreira
02/09/2022
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Geoglifos - obra de gente da floresta

Por Alceu Ranzi e Evandro Ferreira

A partir do início do Século XXI mudou a nossa percepção sobre os antigos habitantes do Acre. O trabalho intenso de arqueólogos e as novas ferramentas de pesquisa muito auxiliaram nessa mudança de paradigmas.

As técnicas disponíveis, tipo imagens satelitárias (ex: Google Earth, Zoom Earth), fotos aéreas com câmeras digitais acopladas ao GPS, Drones, Vants e LiDAR (Light Detection and Ranging), nos permitem visualizar o que os antigos acreanos construíram no passado remoto.

Fomos ensinados que antes da chegada dos portugueses, a Amazônia era habitada por pequenos grupos de povos nômades, incapazes de alterar a paisagem e sem capacidade de interferir no meio ambiente.

A descoberta dos Geoglifos jogou por terra essa noção que nos foi ensinada. A região atualmente conhecida como Estado do Acre já era percorrida por humanos desde o início do Holoceno, ou seja, desde uns 8 mil anos passados

O cenário começou a mudar há uns dois mil anos, os acreanos, antes do Acre, se fixaram permanentemente e começaram a modificar a paisagem com a construção de monumentos cerimoniais de terra (os geoglifos). Também estabeleceram caminhos que conectavam esses monumentos e começaram a domesticar a vegetação.

Os castanhais no Acre podem estar associados aos construtores de geoglifos. Até o momento, sabemos que onde há castanheiras ocorrem também os monumentos de terra. No Acre, a margem direita do Purus é o limite da ocorrência da castanha e isso pode indicar uma artificialidade em sua distribuição geográfica, pois na bacia hidrográfica do Juruá a ausência de castanheiras é notável.

Fotografias aéreas e imagens de satélite comprovam que na região dos rios Purus, Acre, Iquiri e Abunã, milhares de geoglifos foram construídos. Ela também está repleta de caminhos que conectavam esses monumentos de terra.

A construção dos geoglifos foi resultado de um trabalho imenso, monumentalmente impressionante e geometricamente perfeito o que levou à modificação da paisagem.

Escavações realizadas nos locais de ocorrência dos geoglifos permitiram identificar alguns exemplos das espécies usadas na agricultura dos construtores de geoglifos: mandioca, abóboras e pimentas principalmente.

Fragmentos de cerâmica recolhidos de locais que se acredita tenham sido cozinhas dos construtores de geoglifos, revelaram o uso da castanha e de vários frutos de palmeiras. Esses dados foram obtidos pelos arqueólogos através de escavações meticulosas e por datação de Cabono 14.

Por alguma razão, depois de mais de mil anos de intensa atividade, os geoglifos deixaram de ser construídos, foram abandonados e a floresta tomou conta do espaço.

Desde o final do século XIX, quando se iniciou o ciclo da exploração da borracha, se sabia que as terras do Acre eram recobertas por florestas virgens ricas em seringueiras, propícias, portanto, para a instalação dos seringais. Para concretizar esse intento, os seringalistas trataram os habitantes milenários dessas terras como um estorvo. Muitos foram massacrados, expulsos, ignorados ou escravizados.

A derrubada e queima da floresta, para dar lugar às pastagens e ao boi, no início da década de 70, trouxe à luz as complexas construções dos primitivos habitantes do Acre.

Atualmente, em áreas do Acre onde o agronegócio está se expandindo, os geoglifos, embora conhecidos e mapeados, estão sendo aplainados visando a passagem de maquinário moderno e indispensável para o plantio de milho e soja.

A ocorrência de geoglifos nesses locais não é fator impeditivo para que os produtores rurais mantenham suas lavouras produzindo. Entretanto, para evitar que suas propriedades sejam embargadas, é importante que eles evitem danos aos geoglifos.

A proteção dos geoglifos está garantida por lei, é um bem cultural de todos os brasileiros e por isso temos a obrigação constitucional de preservá-los para as gerações futuras.

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Para saber mais:

Neves, E.G. 2022. Sob os tempos do Equinócio. EDUSP, São Paulo, 221p.

Ranzi, A. & Pärssinen, M. 2021. Amazônia – Os Geoglifos e a Civilização Aquiry. Massiambooks, Florianópolis, 203p.

Schaan, D. 2010 Paisagens da Amazônia Ocidenta. In: Geoglifos – Paisagens da Amazônia Ocidental, p. 13-17. GKNoronha, Rio Branco, 99p.

Ranzi, A. 2008. Sensoriamento remoto aplicado aos geoglifos do Acre. Disponível em: https://ambienteacreano.blogspot.com/2008/10/sensoriamento-remoto-aplicado-aos.html

 

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