O “Setembro Amarelo” é a campanha que marca o mês dedicado à prevenção ao suicídio, que, no Acre, é coordenada pelo Núcleo de Saúde Mental, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) e tem como objetivo alertar para a importância do acolhimento, bem como a pessoa falar do assunto.
Márcia Aurélia, psicóloga e chefe do Núcleo de Saúde Mental da Sesacre, conversou com A GAZETA, e disse que, ao longo do mês, têm sido desenvolvidas algumas ações nos municípios, nas instituições de ensino. Mas, reforçou que a preocupação da secretaria não é só em setembro, mês de alusão à prevenção do suicídio.
Márcia diz que, desde 2016, são feitas ações na secretaria para fortalecimento de uma rede que possa atender as pessoas que estão em sofrimento intenso, que chegam ao ponto de pensar em tirar a própria vida.
“Neste mês, estão sendo feitas algumas atividades específicas, como oficinas para os profissionais que lidam com pessoas em crise suicida. Além de encontro para discutir estratégias para prevenir suicídio no estado e apresentar, ao final do mês, às secretarias e aos seus gestores”, disse.
Acolhimento
Márcia diz que um dos pontos mais importantes na prevenção é o acolhimento, de a dor do outro não ser banalizada, além de fazer o encaminhamento para um profissional para que a pessoa tenha o tratamento adequado.
“Às vezes, a falta de empatia, de entender que a dor do outro é subjetiva. E ao entender isso, encaminhar, porque não dá de ficar nessa de psicólogo, a pessoa em sofrimento tem que ser encaminhada para os serviços. Tem que ter um profissional que possa dar atenção a essa pessoa”, pontua.
Ela explica ainda que: ”Atenção é não dizer que a dor do outro é mimimi, é ouvir o que o outro tem a dizer, sem já, em seguida, colocar uma receita pronta, porque a minha vida não é igual a vida do outro.”
Além disso, ela pontua que é importante a pessoa que está em sofrimento falar sobre o que está sentindo. Mas, isso é suficiente?
“Não. Ela precisa ser acolhida, então, se a pessoa está com sofrimento intenso, ela precisa buscar a unidade mais próxima a sua casa. Se a família identifica que a pessoa está diferente, se aproximar, perguntar, não julgar e encaminhar”, concluiu.
Registros no Acre
Márcia diz que os maiores registros de tentativas de suicídios estão entre as mulheres, mas os homens são os que mais morrem por utilizarem métodos mais letais.
Dados dos atendimentos de tentativas de suicídios do Pronto Socorro de Rio Branco mostram uma queda de 3,85% nos casos, comparando o acumulado de janeiro a agosto do ano passado com igual período deste ano. Em 2021, foram 182 tentativas até agosto, e neste ano 175.
Em todo ano de 2021, foram 318 casos. Porém, o que mais chama atenção nos dados, é que o mês com maior registro de tentativas de suicídio foi setembro, que é o mês de prevenção, com 46 ao todo.
“Isso está muito ligado à violência como um fator de risco, o álcool e outras drogas, a pobreza extrema, desemprego são pontos que aparecem como fator de risco. Agora, a gente tem órfãos de Covid, temos crianças e adolescentes que ficaram órfãos, então temos também um número grande de adolescente e jovens que tentam suicídio”, disse.
