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Fé e superação marcam história de amigas diagnosticadas com câncer de mama

A empresária Ítala Sarkis, 35 anos, está no meio do tratamento contra um câncer de mama, descoberto em maio deste ano. Já a sua amiga e jornalista, Larissa Costa, 41 anos, concluiu o procedimento médico no período em que Ítala se deslocava para São Paulo, em busca da cura.

“O dia em que eu estava desembarcando em Rio Branco, após um período de 1 ano e 6 meses, em São Paulo, para tratar um CA de mama, você estava embarcando para iniciar seu processo de cura. Sei que não é um tratamento fácil, mas sei também o quanto você é forte, guerreira e abençoada por Deus. E, em breve, estará de volta!”, publicou Larissa, à época, em suas redes sociais.

Para além da luta contra o câncer, as duas acreanas têm outro ponto em comum: ambas decidiram usar suas histórias para inspirar outras mulheres a encararem o tratamento com mais leveza e coragem.

Amigas de longa data, Ítala e Larissa partilham de histórias de fé e superação. Em suas redes sociais, elas alertam para a importância do tratamento precoce, da prevenção e do autocuidado.

Servidora do governo do Estado, Larissa Costa é quem protagoniza a campanha Outubro Rosa, veiculada pelo Estado, neste ano. Ítala Sarkis, por sua vez, tem aproveitado o engajamento de suas redes sociais e o alto número de seguidoras para falar de fé e chamar atenção para a saúde da mulher.

A força de Larissa

De alma serena e espírito livre, Larissa Costa, 41 anos, sempre foi adepta a uma boa roda de samba. A prova disso é a homenagem que fez ao estilo musical, quando batizou seu cão de estimação de “Samba”. Coincidência ou não, foi graças a ele que ela descobriu um nódulo na mama direita, ainda no final de 2020.

“Eu estava brincando com o Samba, jogando a bolinha. E, numa dessas vezes que eu joguei a bola, ele passou por cima da minha mama direita e, quando eu coloquei a mão, no lugar que ele tinha passado, eu senti o nódulo. Como na minha família tinha caso de câncer de mama, logo fui atrás de um mastologista”, relembrou Larissa.

Após uma bateria de exames e biópsia, a acreana recebeu o resultado positivo para câncer de mama em 7 de dezembro de 2020. Não bastasse o baque de descobrir a doença, o período era de pandemia da Covid-19, isolamento e medo.

Larissa descobriu o câncer aos 41 anos de idade (Arquivo Pessoal)

“Eu não sabia qual era o tipo de câncer de mama e nem qual seria o tratamento, é um momento que a gente fica meio abalada, né, porque quando a gente ouve a palavra câncer já remete a pessoas que não conseguiram superar, apesar de que 95% das pessoas diagnosticadas precocemente conseguiram se curar”, compartilhou, emocionada com a lembrança.

Em fevereiro de 2021, Larissa começou o tratamento contra o câncer, em São Paulo, em um dos hospitais de referência do país, o A.C.Camargo. A partir de então, foram seis ciclos de quimioterapia, procedimento que fez com que os seus cabelos caíssem e ela tivesse que raspar a cabeça. “Foi bem difícil, pois tive muito enjoo, meu cabelo caiu, a imunidade baixava”, contou.

Logo após os ciclos de quimioterapia, que tinham um intervalo de 21 dias cada, a jornalista fez a cirurgia de mastectomia – retirada total da mama direita -, e, em seguida, passou por radioterapia. Para finalizar, a acreana ainda enfrentou outros 14 ciclos de quimioterapia. O último ciclo foi em 13 de maio de 2022. Desde então, Larissa passou a tomar um bloqueador hormonal, que, provavelmente, será utilizado por cinco anos.

Seu atual diagnóstico é “processo de remissão da doença”, de acordo com os médicos. Para Larissa, isso representa a cura de uma doença que mudou a sua forma de enxergar e habitar o mundo.

“Eu me considero curada, pois, quando fiz a cirurgia, tirei o câncer. Os médicos consideram a cura após cinco anos de encerramento do tratamento. Mas, eu estou curada!”, celebra Larissa, destacando que o câncer tem cura e o diagnóstico precoce salva. “Autocuidado e autoconhecimento é essencial para todas as mulheres”, completa.

A fé inabalável de Ítala

Uma mulher de fé e temente a Deus. É exatamente assim que a empresária Ítala Sarkis, 35 anos, se identifica. Diagnosticada com câncer de mama, em maio deste ano, a jovem evangélica não permitiu que sua fé e esperança fossem abaladas, nesses meses de tratamento para se curar da doença. Residindo em São Paulo, no período de tratamento, após seis ciclos de quimioterapia, a acreana fará a cirurgia de mastectomia no próximo dia 1 de novembro.

“Eu já tive nódulos benignos e, portanto, eu fazia acompanhamento. Há cinco anos, fiz a retirada nódulos benignos, mas, anualmente, fazia todos os exames. Em abril deste ano, do nada, o meu mamilo rasgou. Aí, imediatamente, marquei uma consulta”, conta a empresária, que foi orientada por um ginecologista a passar apenas rifocina no ferimento, mas, decidiu buscar um mastologista.

Ao realizar a ultrassom, o mastologista de Ítala identificou várias calcificações, e, em decorrência disso, apesar da idade, ela foi encaminhada para exames de mamografia. “Na mamografia, foram constatadas as calcificações, e já foi aquele susto. Pois, na mesma época, a minha estava fazendo uma biópsia no útero”, relembra.

No dia 12 de maio, Ítala confirmou o câncer de mama, após uma biópsia. “Foi aquele desespero. Eu não conseguia acreditar, porque, um pouco antes, já havia dado positivo o exame da minha mãe também. E no dia 15 de maio, eu vim para São Paulo para fazer o tratamento aqui”, disse.

Ítala aguarda pela mastectomia em São Paulo (Foto: Arquivo Pessoal)

E foi em meio a duas confirmações de câncer na família que Ítala demonstrou a fé inabalável. “Eu sou uma menina de muita fé. Sou evangélica, tenho minha pastora, tenho a minha igreja. E quando eu vim para São Paulo, ainda tentando entender o porquê de tudo isso, é que o mover de Deus se fez presente em minha vida. Foi uma corrente de oração tão grande, pessoas que eu nem conhecia, pessoas que eu nem imagino que oraram por mim, oram até hoje. E eu sou muito grata”, afirmou.

Por conta da químio, a empresária também perdeu o cabelo. “Quando eu entendi que era um tratamento que Deus tinha para fazer com toda a minha família, não perguntei mais o porquê, perguntei o pra quê. Foi quando comecei a levar o tratamento de forma mais leve. E, hoje, a minha maior intenção de abrir a minha vida é para alertar para o autocuidado e o diagnóstico precoce. Pois, graças a Deus, o meu, pela minha insistência de querer saber, foi no início. E faz toda a diferença a mulher ir, periodicamente, ao médico. Isso, realmente, salva vidas”, ressaltou.

O vídeo que Ítala compartilhou nas redes sociais, quando teve que raspar a cabeça, tem mais de 65 mil visualizações. Ao que ela credita a força? A Deus.

“Deus pode mudar tudo. Em nenhum momento achei que fosse morrer, só sabia que era um processo muito difícil, só sabe quem passa. Mas, realmente Deus me deu essa chance de mostrar que o que importa mesmo é a saúde. Em todo momento, a graça de Deus esteve comigo, Deus não permite nem que eu fique triste. Quando a pessoa está voltada para Deus, para a fé, para esperança, o tratamento passa de forma mais leve”, destacou.

Ítala deve retornar ao Acre em dezembro, após a cirurgia de retirada da mama e o novo ciclo de quimioterapia. “Aprendi, de fato, a confiar em Deus, pois Deus é o médico dos médicos, e Ele nos permite passar por situações difíceis para nos tornamos mais fortes. E eu descobri que sou mais forte do que imaginava. Hoje, enxergo o mundo com outros olhos, consigo enxergar o que, realmente, é importante na vida”, esperançou Ítala.

Dados Acre

De acordo com a direção da Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), de janeiro a outubro deste ano, foram registrados 72 novos casos de câncer de mama no Acre.

Somando às notificações da doença, que ainda estão sob investigação, pelo Núcleo de Prevenção de Doenças Crônicas da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre),  já são 112 casos em análise, no primeiro semestre deste ano, em todo Estado.

Em 2021, foram notificados 130 novos casos da doença, com 62 mortes em todo Acre. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio 2020/2022, são diagnosticados mais de 66 mil novos casos de câncer de mama no Brasil, com risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.

 

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