As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil e a diferença salarial entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. É o que mostra levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE.
O fato não pode ser negado. Existe uma diferença salarial entre homens e mulheres. Os homens, na maioria dos casos, recebem mais. Algumas possibilidades que explicam esta diferença ou disparidade são:
– Machismo e sexismo;
– Os empregadores discriminam as mulheres, por serem mulheres;
– Meninos e meninas são criados de forma diferente e isto tem impacto na profissão;
– Homens e mulheres possuem habilidades diferentes, o que repercute no trabalho;
– A diferença dos sexos conduz a escolhas de diferentes profissões e carreiras, que não remuneram igualmente.
Além disso, é inegável que as diferenças entre homens e mulheres, seus interesses, preferências e dedicação precisam ser considerados.
Dentre todas estas possibilidades, fica claro que a desigualdade salarial de gênero é formada, muitas vezes, antes da entrada dos indivíduos no mercado de trabalho. No entanto, o mercado de trabalho pode funcionar como um reprodutor e consolidador desta desigualdade. Por exemplo, algumas pessoas argumentam que mulheres têm preferência por certas profissões que pagam menos e, por isso, a desigualdade salarial não tem relação direta com a desigualdade de gênero. Contudo, essas escolhas profissionais acabam sendo reflexo da desigualdade de gênero já existente, que passam a se perpetuar no curso do tempo, fazendo com que, quando mulheres acedem a cargos de alta gestão, continuem com este comportamento, mesmo sendo uma vítima dele, ou seja, se torna um comportamento intrínseco na sociedade.
Outro fator importante é a licença maternidade, que ainda tem um custo muito alto na carreira das mulheres. Em países em que não existe uma forte licença maternidade, muitas mães, mesmo muito qualificadas no mercado de trabalho, acabam largando suas carreiras, ao passo que seus companheiros ou a figura do pai, tem mais chances de ascender profissionalmente após a chegada dos filhos
Diante destas circunstâncias entende-se que existe uma penalidade salarial velada para a mãe para mães e uma recompensa para pais. A penalidade é muito maior para mulheres mais pobres. Enquanto para os homens a recompensa é bem maior para homens ricos.
Por outro lado, em países com fortes licenças maternidade, mas com fracas ou quase inexistentes licenças paternidade, mulheres acabam sendo preteridas em detrimento de seus colegas do sexo masculino.
Isso ocorre, em parte, devido ao fato do risco financeiro de se contratar ou promover um homem ser menor. Na Islândia, por exemplo, a licença maternidade e paternidade é de 9 meses, dos quais 3 meses são para a mãe, 3 para o pai e mais 3 que são alocados da forma que os pais preferirem.
Assim, para vivermos em uma sociedade mais justa e igualitária é importante pensarmos em estratégias para reduzir esta desigualdade. Alguns países tentam implementar uma cultura de divisão de serviços domésticos, mais justa para que a mulher possa se dedicar a sua carreira na mesma medida dos homens. Ainda, a busca educacional tem crescido entre mulheres que tentam se qualificar para atingir pontos mais altos em suas carreiras, e isto deve ser incentivado pelos governos de todos os países.
Para finalizar, entendo que a igualdade salarial e o primeiro passo na busca sociedade economicamente desenvolvida, uma vez que, ao não promover igualdade de oportunidades para indivíduos desenvolverem os seus talentos independentemente de sexo, raça, orientação sexual, religião, dentre outras, a sociedade acaba alocando os indivíduos de forma ineficiente no mercado, o que pode levar a uma redução do crescimento econômico.
Fonte: Idados.