Parte dos estudantes que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano ainda se sentem despreparados para a prova, que será aplicada nas próximas semanas, nos domingos 13 e 20 de novembro. É que muitos deles estão finalizando o Ensino Médio neste ano, e passaram pela experiência do ensino remoto como saída emergencial do isolamento social, em decorrência da pandemia do coronavírus.
O Enem é uma avaliação nacional que reúne disciplinas escolares e conteúdos do Ensino Médio, para que os participantes possam ingressar no Ensino Superior através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) ou do Financiamento Estudantil (Fies).
E, durante os anos de 2020 e 2021, os alunos do Ensino Médio da rede pública do Acre tiveram as atividades escolares ofertadas através de plataformas de ensino on-line, que, segundo os estudantes, intensificaram alguns déficits individuais de aprendizado. Alguns conseguiram um reforço extra por meio de pré-Enem gratuito, como o que é ofertado na Universidade Federal do Acre (Ufac), o “Eu na Ufac.”
O jovem Diogo José, de 17 anos, é aluno da Escola Presbiteriana João Calvino e vai fazer o Enem com a intenção de entrar para o curso de Jornalismo da Ufac. Comunicativo, ele conta que gosta de escrever e que, desde criança, admira os telejornais. Como a maioria dos alunos, ele decidiu fazer o pré-Enem pelo auxílio no aprendizado.
“Estou tendo um primeiro contato com alguns conteúdos. Tem muita coisa que vi aqui, que eu não vi no Ensino Médio remoto. E se vi, vi muito raso”, conta o estudante, que, além dos interesses na área da Comunicação, também tem apreço pela matéria de Geografia e pretende, quando entrar na Universidade, participar do projeto como bolsista para ministrá-la. “O pré-Enem ajuda muito os estudantes do Ensino Médio”, complementou.
Assim como a maioria dos colegas, o sentimento de ansiedade já é uma realidade para Diogo, que considera o ano de vestibular bastante cansativo.
A aluna Kauany Wenzel, que pretende cursar Agronomia, diz que as vantagens do curso preparatório da Ufac são os bons tutores e a quantidade de exercícios, simulados e redações que são ofertados, aproximando ainda mais os alunos dos conteúdos vistos nos exames dos últimos anos.
“Eu acho o pré-Enem muito bom. Os professores são bons e nós temos muitas resoluções de exercícios. Espero passar na Ufac e que a universidade tenha melhorias no próximo ano”, disse.
‘Eu na Ufac’
Os cursos pré-vestibulares que ofertam conteúdos voltados ao exame servem como muleta para os alunos reforçarem as habilidades e competências avaliadas na prova. A Ufac, por exemplo, oferece, desde julho, um curso preparatório comunitário para os alunos das escolas públicas dos municípios de Rio Branco, Assis Brasil, Epitaciolândia, Cruzeiro do Sul e Porto Walter.
O projeto de extensão ‘Eu na Ufac’ existe, desde 2015, e oferta 130 vagas do pré-Enem para a comunidade externa, enquanto que a comunidade interna, ou seja, os alunos da Universidade, atuam como bolsistas do programa e ministram as aulas, sendo alguns dos cursos de licenciatura.
Os alunos do ‘Eu na Ufac’ foram selecionados por um processo seletivo que avalia a média escolar de cada um. As vagas são divididas entre 65 alunos que já concluíram o ensino médio na rede pública, e 65 que estão concluindo neste ano. Os estudantes, com interesses diversos, esperam estudar na Ufac no próximo ano, mas desta vez, como alunos dos cursos superiores.
Neste ano, a maioria dos que estão finalizando o ensino médio e participam do ‘Eu na Ufac’ no campus Rio Branco pertencem à mesma escola estadual, que incentivou os alunos a realizar a inscrição no projeto da Universidade.
Apesar da tensão pré-Enem, os estudantes do pré-vestibular estão confiantes nos avanços que tiveram com auxílio do programa, como a melhora nas redações. Quando perguntados sobre suas expectativas, eles dizem esperar entrar na Universidade no próximo ano, e que o ensino superior esteja fortalecido, sem a possibilidade de greves devido aos cortes de verbas.
“É uma grande oportunidade que agrega na formação dos alunos da licenciatura. E também existe a necessidade dos meninos da rede pública que vão fazer o Enem e precisam ser preparados, porque tem coisas que na escola eles não viram ou viram muito rápido, mas aqui eles têm a oportunidade de aprender e revisar. Então agrega na formação do bolsista que ministra as aulas e também dos meninos do ensino médio que assistem”, diz o professor de gramática do pré-Enem, Pablo Emanuel Lima de Souza, estudante do curso de licenciatura em Letras.