Os estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Henrique Lima, em Rio Branco, foram contemplados, na manhã desta quarta-feira, 23, com uma palestra educativa sobre violência doméstica. A ação compõe as atividades da 22ª Semana da Justiça pela Paz em Casa, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com os Tribunais de Justiça estaduais, que tem como objetivo ampliar a efetividade da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), concentrando esforços para agilizar o andamento dos processos relacionados à violência de gênero.
A atividade educativa, puxada pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), contou com a parceria do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA) e da Patrulha Maria da Penha. O TJ construiu uma agenda com a Rede de Proteção à Mulher para que as instituições públicas promovam palestras, durante a programação dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Doméstica”.
A conversa com os estudantes foi conduzida pela integrante do IMA, Daniela Carioca, pela servidora do Judiciário, a psicóloga Eunice Guerra e pelas autoridades policiais da Patrulha Maria da Penha, além de contar com a presença da coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv), a desembargadora Eva Evangelista.
“Essa ação é importante para os jovens se aperceberem das diversas espécies de violência, alguns que podem nem ter conhecimento ou ter um conhecimento superficial e do qual eles muitas vezes incorporam como uma normalidade. E não há normalidade na violência. Essa violência que começa nos lares e se espalha pela sociedade. Essa é uma oportunidade excepcional, porque concebemos em uma reunião da Rede de Proteção a necessidade de, não somente cuidarmos dos julgamentos dos processos, mas, também essa conscientização”, explica a desembargadora Eva Evangelista.
Para a estudante Kemmilly França, 17 anos, a conversa despertou a consciência de meninos e meninas. “Foi importante para abrir a mente dos meninos e meninas sobre relacionamento abusivo, sobre abusos psicológicos e patrimoniais. Com essa palestra, pudemos identificar as características de um relacionamento abusivo”, frisou a jovem.
A palestrante, Daniela Carioca, também discorreu sobre como a educação, a conscientização são ferramentas no combate a essa violência, agradecendo a oportunidade de conversar com as adolescentes e os adolescentes para que o Acre deixe ter tantos casos de violência doméstica e familiar.
“É com muita satisfação que o Instituto de Mulheres da Amazônia, o IMA, participa da Semana da Justiça pela Paz em Casa, com esse compromisso de trazer as novas gerações a necessidade de tratamos de temas pertinentes culturais que é a naturalização da violência contra a mulher. Então, quando temos a oportunidade através do Tribunal de irmos as escolas partilhando com jovens, partilhando com mulheres, com homens os conceitos da violência, os tipos da violência e os ciclos da violência é uma grande satisfação. Que possamos entender que feminicídio precisa ser parado, o Estado do Acre precisa ser campeão da paz e não de feminicídio”.
O diretor da Escola, Atalibas Aragão, agradeceu a parceria com o Tribunal, lembrando que as ações de conscientização já foram realizadas há três anos na unidade de ensino e ressaltou a importância de sensibilizar alunos e alunas para que eles não cometam os mesmos crimes que podem estar vendo em casa.
“É essencial mostrarmos para nossos alunos a necessidade de tratarmos as pessoas de forma igual, seja ela homem, seja ela mulher. E aqui, no Calafate, nós temos muitos relatos de violência e essa iniciativa de conscientização é muito importante. Se não consegue resolver em casa, pelo menos, estimula que essa geração não cometa os mesmos crimes dos pais”, disse.