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Lideranças indígenas se retiram de reunião em protesto à ausência do governador; ‘não dialogou em 4 anos’

Após receberem a notícia de que o governador Gladson Cameli (PP) não participaria de uma reunião, nesta quarta-feira, 30, lideranças indígenas, representantes da Câmara Temática Indígena (CTI), indigenistas e ambientalistas se retiraram da sala, na qual aguardavam o chefe do executivo. Em frente da Casa Civil, em Rio Branco, protestaram pela falta de diálogo.

A reunião, que havia sido convocada pelo próprio governo do Estado, tinha como pauta a Coalizão LEAF [iniciativa público-privada de financiamento] e o funcionamento da governança do Sistema Estadual de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa). Mais de 30 lideranças indígenas, de nove povos, tinham ido para o encontro.

“A nossa expectativa era conversar com o governador. Mandamos várias cartas pedindo informações, porque sabemos que nós temos que participar do processo, a lei nos garante. Nós queremos entender os projetos, os programas que estão acontecendo, nós queremos participar e contribuir. Mas, estamos nos retirando da Casa Civil porque o governador não está presente. O nosso dever estamos cumprindo, que é buscar o diálogo, mas, a parte do governo não está sendo cumprida”, afirmou Nedina Yawanawa, coordenadora da Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia (Sitoakore).

Ao site A GAZETA, o governo do Estado afirmou que uma das marcas do governo Gladson Cameli é o diálogo. “Nos últimos quatro anos a questão indígena sempre foi tratada com o respeito que nossos povos originários merecem, inclusive, com a criação da SEMAPI – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas. Na reunião agendada para a Casa Civil, não foi confirmada a presença do governador. Infelizmente, as lideranças resolveram não permanecer, embora, representantes do Estado estivessem presentes. O governo reafirma seu compromisso com os indígenas e se mantém aberto a conversas que possam levar melhorias e qualidade de vida às comunidades”.

Os indígenas alegam inexistência de diálogo entre o governo e os povos originários durante os quatros anos de gestão de Cameli. “Nós repudiamos a não presença do governador, pois quatro anos se passaram, não dialogou com a gente, não ouviu a gente, não ouvimos ele, passamos dois dias de reunião com anseio e expectativa de que o governador estivesse aqui para nos receber. A equipe dele não resolve nada, por isso que é um anseio nosso conversar com o governador, destacou a liderança de Feijó, Mario Kaxinawa.

A coordenadora executiva da Comissão Pró-Índio (CPI), Vera Olinda Vera Sena de Paiva, reendossou a fala dos indígenas. “É uma falta de respeito o governador do Estado do Acre convocar uma reunião ampliada da Câmara Temática Indígena, e, no momento que chegamos na reunião, somos surpreendidos de que o governador não participará. É a primeira vez que, em quatro anos, que se tenta uma conversa próxima e presencial com o governador do Acre e nós não fomos recebidos. Isso é inaceitável e desrespeitoso”, frisou.

Angela Mendes, coordenadora do Comitê Chico Mendes, também repudiou a ausência do governador. “Infelizmente, o governo do Acre, durante quatro anos, parece não compreender a importância do Acre nesse debate sobre clima, sobre floresta, que é um debate global. Assim como na COP, hoje, mais uma vez, ele se omite. Estamos aqui para repudiar, novamente, essa omissão do governo do Acre”, disse.

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Maria Meirelles: