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Retórica caída

Diplomados. Algo que é banal de tão normal, dentro da Constituição e da legalidade, nunca foi objeto de aplausos ou de vaias. Era apenas algo normal. Exceto durante a ditadura 1964-1985.
Este ano teve que ser aplaudido, depois do esforço que custou preservar essa normalidade.
Peguei gosto de ler discursos para analisar o documento.
Lula demonstrou a racionalidade pelo completo domínio dos afetos. Os seus discursos não tem sido peças de retórica nem o estilo sucumbido à demagogia; esta que fala pelos cotovelos e pretende persuadir, atrair, seduzir, iludir, como se do outro lado as pessoas fossem ignorantes, incapazes de compreender o que está sendo dito.
A retórica, por sua vez declinou para a embromação, ignorando que do outro lado as pessoas são esclarecidas.

Os afetos atacam a segurança, um homem confiante tem domínio sobre si mesmo. Podemos dizer que vivemos as emoções tentando controlar os arroubos, o discurso é uma experiência e tanto, misturamos o sangue à terra, “a defesa da democracia, diz Lula, é a origem da minha luta e o destino do Brasil”. Somos livres para desenvolver o sentido e fazer a história.
Sabemos que a democracia começa a ser definida pelo povo que governa por meio dos seus representantes legitimados pela eleição, o fato é que o conceito precisa ser desenvolvido. “O povo, disse Lula, quer mais do que simplesmente eleger seus representantes, o povo quer participação ativa nas decisões de governo”.
Não tem como entender sem virar a chave para abrir a cabeça, já se foi o tempo em que a democracia se limitava a manifestações contrárias, como se buscasse o que lhe é negado, a democracia superou a crítica, atualmente ela é capaz de levantar o questionamento para dizer quem é e o que pretende com a sua luta: “é preciso entender que democracia é muito mais do que o direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança, moradia; democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança e moradia”.

Não estou dizendo que o cérebro cresceu ou diminuiu, a questão é que ficamos melhores, no sentido de que o progresso atravessou o mar e mudou o jeito de ver as coisas.
Acusam os filósofos de pecar por falta de modéstia, todo mundo sabe que a culpa mais comprometedora e angustiante vive na pretensão, como um vermezinho no sangue.
Me pergunto se a dificuldade de entender o que está sendo colocado pesa como atraso e deficiência, ou a felicidade que encontramos no fato de resolver a contradição apontando para a evolução mental.

Ou tudo permanece do mesmo jeito ou enfrenta-se o desafio compreendendo-se que o próximo passo é investir em edificação pensando nas transformações que aventam o futuro. A revolução virou uma senhora, digna e aparentemente respeitável.

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