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Cláudio Porfiro

Cláudio Porfiro

Cláudio Motta-Porfiro é romancista, cronista, poeta e palestrante. Membro da Academia Acreana de Letras. Email: [email protected]

Em busca de outros ares 

Cláudio PorfiroporCláudio Porfiro
07/12/2022
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         Adeus, meus verdes anos, porque talvez eu não volto mais. Dificilmente poderia. Ninguém nasce duas vezes, nem mesmo sendo o mesmo josé ou a mesma maria. Sou da terra, nasci na rua das castanholeiras, a capital da cidade princesa. De lá, num dia que já vai muito distante, saí ansioso por dar maiores facilidades para a vida que ameaçava ser protuberante. Estudei em um colégio de freiras italianas e, lá, fui construindo, aos poucos, as bases e os sustentáculos pilares do homem de ciência que um dia sonhei ser. Deu tão certo como dois e dois são vinte e dois.

          Na capital da província, aperfeiçoei o traço, como está registrado num poema da minha lavra irrisória chamado Anjas, em homenagem às mulheres – portuguesas, libanesas, italianas e nordestinas do Brasil – que me iluminaram o caminho percorrido com garbo e gosto. 

Anjas 

Para Euri Figueiredo 

Da soleira da janela, mirei o azul infinito
A vida sorriu e tudo se fez mais bonito
A felicidade era tanta e eu lancei um grito
Que se confundiu com o eco de um canto bendito
Entoado pela minha alma prenhe de gratidão.
          Figuras femininas dançavam desenhadas na parede
          Uma mão embalou o meu berço, ou a minha rede
          Foi ela quem me valeu quando tinha fome ou sede
          Lembranças fugidias povoam sonhos, se o credes
          Pelo bem que elas me fizeram, não há reparação.
Enfim elas me deram régua, caderno e compasso
Depois, com muito jeito, fui aperfeiçoando o traço
Tudo gravado ou escrito em bom papel almaço
E hoje afirmo feliz que muito bem me faço
Tudo em honra do que elas fizeram por mim.

 

            Um dia resolvi passar férias nas praias de São Sebastião do Rio de Janeiro. Foi aí que descobri que, em outros ares, a fumaça pode ser menos ou mais densa. Também foi por essa época que a mim disseram que estudar mais e mais aguça os sentidos, eleva o conhecimento e a auto estima, e deixa a conta bancária engordar sadiamente. Passei oito anos em estudos avançados na melhor universidade do Brasil, segundo apontamentos tomados por uma tradicional revista de circulação nacional. Gostei de viver entre os paulistas do interior. Gente humilde e amistosa.

           Fui padrinho de duas crianças e de um casamento. Suei frio, mas partejei – dei à luz – uma dissertação e uma tese que foram julgadas muito razoáveis, daí as notas máximas. Tremi, sim, principalmente, na defesa dos meus pontos de vista perante bancas que contaram, inclusive, com gente formada em nível de pós-doutorado, em Bolonha, Itália, e em Atenas, Grécia. Houve por bem me sair muito melhor como nunca havia pensado. Brilhei e fui aplaudido por um auditório de quinhentas pessoas que assistiram a uma palestra minha sobre a terra querida. Na assistência estava Leandro Karnal. A conta realmente engordou de forma salutar e eu comecei a sorrir e a sonhar muito mais.

            Jamais pensei que fosse possível, mas findei por ser regiamente premiado com uma crônica denominada José de parca poesia. O concurso foi realizado pelo órgão municipal de cultura e o dinheiro recebido coube bem direitinho numa farra comemorativa à efeméride. É claro que sobrou.

            A minha madrinha em saias plissadas fez editar e publicar o meu primeiro livro, Janelas do tempo. Foram quinhentos exemplares e eu vendi um por um para pessoas que não leem, mas tem orgulho em ter o meu nome na estante chiquérrima. Fiquei muito feliz. Bota feliz nisso.

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            Depois, a Editora Scortecci, em 2021, fez densa pesquisa, por seis longos meses, e descobriu em mim um dos sessenta melhores poetas do Brasil. A poesia Seus olhos – dedicada a uma musa dos nossos dias – arrebatou aplausos do país inteiro. Houve um certo numerário na jogada, eles publicaram o evento em rede nacional e um singelo diploma também foi outorgado.

            Hoje, trinta e sete anos depois, ainda sou cronista de um jornal da terra. Escrevi sete livros e publiquei apenas três, posto que são vendáveis. Tenho um livro de poesias prontinho da silva à espera de uma tutoria que já quase se concretiza. Estou escrevendo um livro de reminiscências que irá a quinhentas ou seiscentas páginas, isto tudo porque levei vida de bom moço, às vezes, e pintei e bordei em bordéis de luxo, ou de quinta categoria, dentre outras estripulias. Nunca fui perverso. Sempre fui um amante do amor, mesmo que seja o amor a esmo tão decantado por Vinícius de Moraes.

            Um dia, um amigo encetou campanha em prol do meu nome para a Academia Acreana de Letras. Fui muito bem votado, até pelos que me taxaram de comunistinha, e me tornei titular da Cadeira 27, com direito a discurso inflamado, algumas palestras sobre literatura, em meio a salvas de tiros de bazuca. Saravá!

            Parte do avô paterno me faz meio espanhol, meio árabe. Certo é que me tornei negociante dos meus próprios livros e, por isso, fui apelidado mercantilista de esquerda. Nunca me senti tão honrado e distinguido. Achei o máximo. Morei nas nuvens por alguns meses. Depois desci.

            Por tudo isto, a Rebeca me perguntou sobre o que faço na vida. Talvez ela quisesse um relacionamento mais sério, desses amores idílicos lindos baseados nos números dos tais contracheques. Foi aí que a verve falou bem alto – berrou! – e eu enviei mensagem eletrônica fazendo uma síntese dos meus dotes nada culinários, ou qualquer coisa que o seja. A ela escrevi que sou escritor – romancista, poeta, cronista – palestrante, professor e passista. Além de beletrista, ficcionista e bombril. Ela se encantou ante a cupidez dos meus versos gerais, mas não suportou o primeiro estágio da minha vida boêmia em noites claras de sexta-feira, de novo.

            Por tudo isso vos digo que estes são apenas alguns dos presentes que ganhei do Acre, esta, uma aprazível fonte de inspiração. Uma das minhas mil musas disse que eu o fiz por merecer. Acho que foi a Cláudia de Minas.

            Mas nada mais resta a declarar. Basta um reconhecimento especial, dentre todos, a uma família de obreiros maravilhosos, que me acolheu muito bem em meio às orações, leituras, cânticos e comunhões na Comunidade de São Francisco e Santa Clara de Assis. Ao Roberto, à Áurea e à Vanessa, filha deles, os meus mais sinceros agradecimentos pela acolhida tão comum entre os católicos. Abraços bem apertadinhos.

            Enfim, amigas e amigos do Acre, em verdade vos digo que é morrendo de saudades que me despeço da minha terra amada, posto que tenho outras responsabilidades ainda maiores a cumprir por esta vida afora.

            Foi muito bom estar com vocês. Talvez-talvez-talvez um dia, quem sabe, eu volte. Talvez. Mil beijos.

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