Desencadeada ainda no mês de julho no Acre, a operação “Guardiões do Bioma” tem feito uma série de ações de combate ao desmatamento ilegal, seja em áreas públicas ou privadas do estado. E um dos pontos identificados é que os focos têm se intensificado dentro das áreas de mata nativa, que deveriam ser preservadas.
Em um período de quatro meses, as ações que são coordenadas pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Acre (BPA), fiscalizou mais de 11 mil hectares de florestas no estado, e por isso chegou a esta constatação, além de traçar um perfil de como ocorre o desmatamento em cada regional.
Nestas ações, o relatório do batalhão identificou que a maioria dos alertas de desmatamento são representados por pequenas áreas desmatadas. Assim, alguns municípios como Brasiléia aparecem com muitos polígonos fiscalizados (135 ao todo), sendo a área total de 527,24 hectares de desmatamento fiscalizados. Sendo que a maior ameaça é a floresta da Resex Chico Mendes.
O tenente-coronel Kleison Albuquerque, comandante do batalhão, diz que o trabalhão é contínuo, com ações diárias, ao longo de todo o ano. Embora, haja momentos mais complicados, que é entre julho e setembro, devido o tempo mais seco que é favorável ao fogo.
“Nesses períodos, nossas ações são mais intensas, mas neste momento estamos com a operação em campo, porque temos vivido um fenômeno, já de algum tempo, que o desmatamento está ocorrendo o ano todo. As invasões não são a única forma de desmatamento, mas, é uma situação que preocupa e ela ocorre tanto em áreas públicas como privadas, e nestas áreas privadas, nós percebemos que ocorre em áreas de reserva legal, que estavam preservadas, até então, e estão sendo invadidas para venda”, disse.
Os locais com maiores índices de invasão, de acordo com o comandante está concentrado principalmente no eixo da BR-364, entre Sena Madureira, até o Rio Liberdade, e também na regional do Alto Acre, com foco na Reserva Extrativista Chico Mendes que está sendo bastante afetada.
Características
Além disso, o relatório aponta que Feijó, com apenas 31 polígonos que entraram nas ações de fiscalização, representa o segundo município com maior área de desmatamento fiscalizado, sendo 1.499,66 hectares, perdendo apenas para Manoel Urbano com 2.484,46 hectares em 162 polígonos.
O que se conclui, é que a dinâmica do desmatamento está ocorrendo de forma regionalizada de forma especifica entre cada uma delas.
No Baixo Acre, por exemplo, bastante afetada pelo desmatamento consolidado, possui poucas áreas de floresta nativa. Já a região do Alto Acre sofre pressão, com a característica de pequenas áreas, principalmente na Resex Chico Mendes e adjacências, e na regional do Taraucá-Envira há uma expansão mais forte da pecuária sobre a floresta nativa, onde estão sendo abertas e degradadas grandes áreas, principalmente, por pessoas de oriundas de outros Estados.
Dados da Operação
Os dados repassados ao site A GAZETA, mostram uma consolidada das ações realizadas entre julho até outubro, com balanço de polígonos fiscalizados, apreensões de máquinas, motosserras, apreensão de madeiras extraídas de forma ilegal, além de flagrantes e Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO).
Veja balanço consolidado de julho a outubro
-Polígonos fiscalizados: 1.113
-Áreas em hectares: 11.037, 19
-Madeira apreendida: 220,49 m³
-Motosserras apreendidas: 31
-Veículos apreendidos: 7
-TCO: 18
-Flagrantes: 44
A Operação é feita pela PM em parceria com o governo Federal, mas ocorre em conjunto com outras unidades que apoiam as ações.