O governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e o governo federal deram início nesta segunda-feira, 19, à força-tarefa contra o crime nas fronteiras dos municípios acreanos de Plácido de Castro, Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil, com a Bolívia e o Peru. A ação conta com operações policiais da Força Nacional (FN) e tem o prazo inicial de 90 dias, podendo ser prorrogada por tempo indeterminado.
O objetivo é combater crimes transfronteiriços, sobretudo os de narcotráfico e de roubo de veículos em uma vasta área de 600 quilômetros que começa na região da ponta do Abunã, nos limites com a Bolívia, até a nascente do Rio Acre, em Assis Brasil, já na divisa com a cidade peruana de Iñapary (a 310 quilômetros de Rio Branco). Pontes internacionais e as BRs 317 e 364 estarão ocupadas diuturnamente pelos policiais da FN e dos grupos especiais da Sejusp, por meio das polícias Militar e Civil com suas tropas de elite.
A abertura das ações foi marcada por uma reunião na Sala de Situação e Gerenciamento de Crise da Sejusp com os gestores das Forças de Segurança estaduais, da Prefeitura de Brasileia, do Ministério Público do Estado do Acre (MP/AC), do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJ/AC), da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Exército Brasileiro.
Durante o encontro, o secretário da Sejusp, coronel Paulo Cézar Rocha dos Santos, fez uma explanação do diagnóstico dos ilícitos nas fronteiras, do sistema carcerário acreano, das atuações das organizações criminosas e do crescimento delas nos países vizinhos, abrindo novas rotas de passagem de entorpecentes por território acreano.
“O Acre vive uma singularidade em relação aos demais entes da Federação, por ser vizinho dos dois maiores produtores de cocaína do mundo [a Bolívia e o Peru]. Nós já alcançamos êxito naquela região de fronteira que, por ser complexa, merece um olhar diferenciado e constante das forças. E agradecemos à Força Nacional neste auxílio”, pontou o gestor da Sejusp.
Conforme o diretor nacional da Força, coronel Américo Gaia, que está no Acre para coordenar pessoalmente os 56 homens que integram a FN, “o governo do Acre cede o efetivo [para ampliar o leque de ações] e a Força Nacional devolve como legado a entrega de materiais de combate e a formação de homens e mulheres locais com cursos de formação”.
Para a prefeita de Brasileia, Fernanda Hassem, o força-tarefa chega como um “presente de Natal para a região”.
“Todos sabem da nossa luta lá. Temos duas pontes, uma no nosso município e outra em Epitaciolândia. Vocês estão nos dando um presente de Natal com essa operação que farei o que estiver ao meu alcance para que ela se prolongue por mais tempo”, disse Fernanda, emocionada.
Dos 56 homens da Força Nacional no Acre, 12 são da Polícia Civil, sendo dois delegados, dois peritos criminais, dois escrivães e quatro agentes de polícia.