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Dominguemos

Ah… mais um Domingo, e mais um dia de abrir a janela, sacudir a poeira da alma e deixá-la exposta ao sol ou à chuva, ao vento ou à calmaria, conforme o clima tempo. Após alguns momentos, aconselho recolher a alma restaurada para vesti-la como quem se prepara para uma grande festa.
Domingo é dia para comemorar. Celebrar a reposição de energias porque domingo não é o dia do descanso. É dia de movimento, de muito movimento interno.
Domingo é dia de responder cartas através do correio eletrônico, de mandar notícias, de dar recados nas redes sociais da internet.
Domingo é dia de almoço com a família. É burburinho de vozes entrelaçadas de adultos e crianças que se encontram para usufruir do simples prazer de estarem juntos.
Domingo é o dia do abraço. Daquele abraço gostoso que se consegue dar a si mesmo e que se estende em longos desdobramentos de ternura acumulada.
Domingo é dia de repensar, revisitar, redescobrir. Ah! Quantas sensações fantásticas nos invadem quando reavemos pedaços esquecidos, deixados para um depois que raramente acontece.
Domingo é dia de reler o livro que nunca saiu da mesa de cabeceira, de rever o filme que marcou presença, de ouvir de novo aquela mesma canção preferida.
Domingo é o dia de caminhar, “sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos”. Caminhar bastante. O suficiente de que o corpo necessita para harmonizar os contratempos de uma semana cansativa com a esperança de uma semana seguinte mais tranquila.
Domingo é dia de dar tempo ao tempo porque “não há mal que sempre dure ou bem que nunca se acabe” e “nem de tanto madrugar tão cedo se levanta”. Tudo chega na hora certa, no instante exato, do jeito que não se espera.
Aliás, domingo é o dia de surpreender a vida com alegrias tiradas lá do fundo do baú, é dia de dar risadas em boa companhia. Principalmente, em nossa própria companhia. Quem consegue fazer companhia a si mesmo é capaz de ser companhia para outros.
Domingo é dia de escrever a crônica de um cotidiano pleno de cores, luzes e sombras, construções e desmoronamentos. É dia de levantar o astral da tropa, de animar, de colocar a alma na vitrine transparente sem máscaras ou disfarces numa coragem despretensiosa.
Domingo é o dia do encontro com quem, fielmente, me segue nessas linhas. E que, por incrível que pareça, desconheço quem sejas. Só sei que me acompanhas silenciosamente, buscando em cada palavra o eco do que sentes, do que pensas.
Por essas e por outras, o domingo é dia de dar as mãos, de esticar os braços e tocar na alma, de sussurrar consigo mesmo segredos e confissões.
Domingo é o dia de principiar, é o dia repleto de perspectivas que se refletem e se concretizam no correr dos outros dias da semana.
Que o nosso domingo se espalhe pela nossa semana com muita luz e sabedoria.

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