Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Quando se fala em gênero das palavras: caso de “todos, todas e todes”

Quando se fala em gênero das palavras, este termo nos remete aos conhecimentos dos quais dispomos acerca dos fatos linguísticos. Gênero, por sua vez, representa as flexões que se atribuem às classes de palavras, tais como os substantivos, os adjetivos, entre outros, quanto à classificação em feminino ou masculino. Enfim, flexões que permitem que tais classes permutem, variem.
Assim sendo, afirma-se que o gênero diz respeito à variação da forma masculina e da feminina, inerente a alguns vocábulos. Ele, assim como tantos outros elementos que perfazem a língua como um todo, torna-se passível de alguns questionamentos por parte de alguns usuários – fato esse que deu origem à finalidade discursiva do presente artigo, para quem usa os pronomes indefinidos “Todos e Todas”, como forma de tratamento. Absurdo maior é o caso de “TODES”. Ora, a língua portuguesa possui dez classes de palavras e, destas, “todos e todas” são pronomes indefinidos. Os pronomes de tratamento são:

você (v.)
senhor (Sr.)
senhora (Sr.ª)
senhorita (Srta.)
Vossa Senhoria (V. S.ª)
Vossa Excelência (V. Ex.ª)
Vossa Mercê (V.M.cê)
Vossa Eminência (V. Em.ª)
Vossa Magnificência (V. Mag.ª)
Vossa Alteza (V. A.)
Vossa Majestade (V. M.)

Vossa Majestade Imperial (V. M. I.)
Vossa Santidade (V. S.)
Vossa Paternidade (V.P)
Vossa Reverendíssima (V. Rev.mª)
Vossa Onipotência (Sem abreviatura).

No caso específico de “Todes”, há para observar o seguinte:

PROJETO DE LEI N.º 5.198, DE 2020 (Do Sr. Junio Amaral) Veda expressamente a instituições de ensino e bancas examinadoras de seleções e concursos públicos a utilização, em currículos escolares e editais, de novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa, em contrariedade às regras gramaticais consolidadas.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º É vedado a todas as instituições de ensino, no Brasil, independentemente do nível de atuação e da natureza pública ou privada, bem como a bancas examinadoras de seleções e concursos públicos, inovar, em seus currículos escolares e em editais, novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa, em contrariedade às regras gramaticais consolidadas e nacionalmente ensinadas.

Parágrafo único. Nos ambientes formais de ensino e educação, é vedado o emprego de linguagem que, corrompendo as regras gramaticais, pretendam se referir a gênero neutro, inexistente na língua portuguesa.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Portanto, na língua de uma nação nada se acresce pelo uso da força ou do enviesamento político-ideológico. A língua e suas regras gramaticais amadureceram ao longo de séculos e continuam a evoluir, mas de modo lento e extensivamente refletido. Qualquer arroubo de opinião nesta seara não merece qualquer acolhida mais séria, sob pena de se corromper o liame comunicacional mais elementar de um povo: sua língua, o que faria jogar por terra todos os seus valores, identidade e história comum.

As línguas neolatinas não adotaram o neutro latino, caso contrário deveríamos dizer dentistos e dentistas, oftalmologisto e oftalmologista, congressisto e congressista, acordeonisto e acordeonista, acupunturisto e acupunturista, ambientalisto e ambientalista, anestesisto e anestesita, etc. Logo se percebe que esse “TODES’ é uma invenção absurda que fere as regras da gramática da língua portuguesa, construída ao longo dos séculos, desde 1536, com Fernão de Oliveira, nosso primeiro gramático. Quando se registra uma criança ela é menino ou menina. São os gêneros que temos em português. Logo as pessoas e não “pessooes” são do gênero masculino ou feminino. Não se mexe na estrutura da língua.

A Academia Acreana de Letras é guardião do idioma pátrio e das regras de bem falar. Portanto vamos dizer: “Boa noite aos Senhores e Senhoras” e não a “Todos, Todas e Todes”, aberração do idioma que repudiamos.

LIÇÕES DE GRAMÁTICA

“Como cumprimentar, à noite, uma platéia?”

– Boa noite Senhoras e Senhores!

“A princípio” / “em princípio”

– A palavra “princípio” pode se referir tanto a ideologias e valores como ao começo de alguma coisa. Então, a chave para a diferença entre essas duas expressões está justamente aí: com “a” ela tem  sentido de início, e com “em” de valor ou essência. Observe:

 

 

Sair da versão mobile