A ex-primeira-dama do Estado, arquiteta Marlúcia Cândida foi indicada para conselheira do Instituto Niemeyer de Políticas Urbanas, Científicas e Culturais. A posse será no próximo 31 de janeiro, em Brasília (DF). Na ocasião, também será realizado o lançamento do Ano Niemayer, em celebração aos 115 anos de Oscar Niemeyer e do Fórum Mundial Niemeyer.
Marlúcia foi indicada pela relevância dos seus estudos e trabalhos na arquitetura brasileira, como o projeto do Museu dos Povos Acreanos, somados a sua atuação social com a criação e coordenação do Movimento Humanitário “Acre Solidário”, incentivo ao desenvolvimento da cadeia produtiva do bambu, da economia criativa através do artesanato, design e gastronomia no Acre.
“Recebo com muita honra! O Oscar Niemeyer foi uma das grandes referências para a minha geração de arquitetos, como tenho certeza de que é para todas as gerações. Eu tive o prazer assisti-lo em congressos de arquitetura e ver como ele falava, desenhando seus traços, que eram poesia para transformar em arquitetura. Claro, ali havia todo um aprofundamento na nossa cultura, na brasilidade e no modernismo. A leitura que ele fazia dessa brasilidade para desenhar o moderno foi o maior legado que recebemos dele”, destaca Marlúcia.
Mestra pela Universidade de Brasília (UnB), a arquiteta traz em suas obras o compromisso ético com as características do Acre. “Fui para o mestrado na Universidade de Brasília, onde pude estar numa Faculdade de Arquitetura Modernista, mas, que acolheu o vernáculo que apresentei da arquitetura da Amazônia brasileira. Mostrei que a casa tradicional do seringueiro, aquela coberta de palha e fachada com paxiúba, possui conhecimentos importantes para a arquitetura tropical. A partir disso, passei adotar esse conhecimento nos meus projetos, a exemplo da minha casa, que é suspensa, possui ventilação cruzada, varandas e outros elementos que a deixam mais adaptada ao clima local”, observa.
Entre os inúmeros projetos acreanos assinados por Marlúcia Cândida está o Aeroporto Internacional Plácido de Castro, em Rio Branco. “Trabalhei os elementos regionais: pilar galhadas, pássaros, ondas dos rios no forro, a própria madeira, iluminação mais pontual e com tonalidade mais quente. Como forma de mostrar ao viajante que ele está num ambiente amazônico”, explica.
Em fase final de construção, o Museu dos Povos Acreanos, situado no antigo Colégio Meta, no Centro da capital acreana, também agrega em sua concepção a contribuição de Marlúcia, que foi curadora para a sua criação. “Neste museu, todas as gerações e pessoas que ocupam o território acreano se enxergariam e/ou conheceriam a sua verdadeira trajetória na história local”, salienta.
Em 2022, a arquiteta passou três meses em Milão, na Itália, estudando no POLI.Design — uma das melhores faculdades do mundo. A época, Marlúcia elaborou um estudo para uma loja na Galeria Vittorio Emanuelle II, com a temática e produtos da Amazônia. No mesmo período, ela colaborou no escritório de arquitetura do Simone Micheli.
“Milão já é um local que, no governo do Tião Viana [seu marido e ex-governador do Acre], nós fizemos muitas ações, como as exposições dos produtos e artesanato acreano, convênios com o Politécnico de Milão / POLI.Design para treinamento dos marceneiros e profissionais acreanos da área da criação e encontros dos empresários acreanos com empresários italianos. Então, sinto que assumo esse conselho com muito a colaborar com o Instituo Niemeyer e, consequentemente, com o Brasil”, ressaltou a nova conselheira.
Ainda como primeira-dama do Acre e coordenadora do Acre Solidário, em 2018, Marlúcia e a coordenadora do Comitê Chico Mendes, Angela Mendes, entregaram o Prêmio Chico Mendes de Florestania ao Papa Francisco.