E se você pudesse conhecer uma parte história do Acre, a partir de uma série objetos históricos que rememoram momentos importantes do Estado? Foi exatamente com essa proposta que o desembargador Arquilau de Castro Melo fundou a “Casa Museu”, instalada no quintal da sua própria residência, no Condomínio Ipê.
O espaço reúne inúmeros objetos e artefatos, que datam do início de formação do Estado Acre. Entre os que mais chamam atenção está um caminhão da Segunda Guerra Mundial, feito na Suíça, para os alemães, e que ainda está em pleno funcionamento.
No museu, também é possível encontrar espadas, dinheiro de moedas antigas, cofres, artesanatos indígenas, entre tantas outras peças carregadas de memória.
“Fui juntando coisa, juntando coisa e percebi que tinha muito conteúdo importante para mostrar. E aí, eu dei o nome de Casa Museu, para receber as pessoas em casa”, conta Arquilau, que, a priori, pensou o projeto de outra maneira.
“A proposta era que os objetos passassem pelas escolas, no caminhão, fossem deixadas com um professor de História, para que o professor pudesse falar da Segunda Guerra, representado no caminhão alemão, e sobre a Amazônia, no Acre, com os objetos dos soldados da borracha, para fazer esse paralelo. E, dessa forma, a criança nunca mais esquecer a história do Acre e da Amazônia. Mas, não vingou, e aí eu trouxe para dentro de casa, e tenho recebido as pessoas em casa”, explica o colecionador.
Antes de se deleitarem pelo extenso acervo de memórias acreanas do Casa Museu, os visitantes desfrutam de uma verdadeira aula de história, contada pelo anfitrião. Admirador do imortal [Academia Brasileira de Letras] Euclides da Cunha, Arquilau faz questão de contar, detalhadamente, a história do expedicionário e sua contribuição para o estado.
“A proposta é contar a história por meio de objetos antigos, que fazem parte da história da Amazônia”, salientou o desembargador.
Arquilau construiu a Casa Museu por meio de pesquisas feitas e, durante o próprio trabalho, como magistrado, buscando preservar a história.
Visitantes
Todas as visitas à Casa Museu precisam ser previamente agendadas, especialmente, por se tratar de um ambiente doméstico. Para conhecer o local, que está funcionando há, aproximadamente, oito meses, o interessado deve entrar em contato por meio das redes sociais @casamuseuacre.
Na semana passada, um grupo de participantes do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA) e da Universidade de Londres (UCL – University College London) visitou o espaço e pôde ‘voltar ao tempo por algumas horas’.
“Esse projeto faz com que a poeira das prateleiras da memória, enquanto identidade cultural, enquanto povo acreano, se desfaça e surjam lembranças. A força ancestral muito forte, aqui presente, e é a nossa história local, que eu recomendo a todos os acreanos e turistas a estarem aqui, neste espaço, onde a gente encontra uma história muito viva e não contada nos livros, que é o espaço da Casa Museu”, disse a presidente do IMA, Concita Maia.
Além de revisitar a história, a partir de peças antigas, os visitantes foram contemplados com uma demonstração de como os seringueiros faziam a borracha. Na Casa Museu, foi construído um defumador de borracha similar aos que os extrativistas utilizavam para beneficiar o látex.
Quem conhece o espaço também é convidado a deixar uma mensagem repleta de carinho, no livro de memórias da Casa Museu. Depois de sua abertura, estudantes, personalidades, turistas e amigos de Arquilau visitaram o ambiente.