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Pai de santo, padre e pastor celebram culto ecumênico no Acre

Pai Germano, o padre Antônio e o pastor Dilcinei na Paróquia Santa Rita de Cássia (Foto: Cedida)

Respeito. Foi com esse sentimento que as lideranças religiosas do Candomblé, Evangélica e Católica celebraram, no último sábado, 28, o culto ecumênico dos formandos de Contabilidade da Faculdade U:Verse, em Rio Branco (AC). A cerimônia, que foi promovida na Paróquia Santa Rita de Cássia, registra um momento histórico entre os credos.

Apesar dos cultos ecumênicos serem comuns nas cerimônias de formaturas, a não inserção das religiões de matriz africana e afro-brasileiras ainda é uma realidade a ser enfrentada pela sociedade. Em 23 anos de sacerdócio no Candomblé, foi a primeira vez que o Babalorisá [Pai de Santo] Germano Marino D’Osun participa de um evento para formandos.

Além do Babalorixá, outros irmãos de santo de Rickelme participaram da cerimônia (Foto: Cedida)

“Foi muito importante e, isso, eu falei lá no meu discurso sobre a necessidade de se dar abertura a outras religiões, principalmente, para o povo de santo, de Candomblé, da Umbanda, de todas as vertentes religiosas oriundas de matriz africana, para que pudéssemos estreitar nossos laços. Não são as religiões que nos dividem, mas, são as pessoas que nos separam, as impressões, as discriminações”, destacou o Babalorixá.

Germano é dirigente da Organização Espiritualista Reino da Oxum – Ilê Asé Osun Ni Ola Orolawo, e é pai de santo do jovem formando Rickelme Santos, 22 anos, batizado na religião como Riquelme D’Ossain, que articulou a participação de seu mestre.

“Foi muito importante para mim e gratificante ter na cerimônia tanto meu Pai de Santo, quanto outros representantes do Ilê. Principalmente, por conta do quanto minha família de axé. O Pai Germano foi importante no auxílio do meu luto por ter perdido meu pai por covid. Acho importante a representação de religiões afro nesse meio, para diminuir um pouco o preconceito, a desinformação e, também, para que pessoas novas possam, talvez, se encontrar na religião”, afirmou Rickelme.

Para Pai Germano, o momento foi de grande valia, especialmente, no enfrentamento a intolerância religiosa e o racismo religioso.

“O Candomblé e a Umbanda não estão para dividir as pessoas, mas para unir. Nós somos irmãos, seja em Cristo, seja nos Orixás, seja nas entidades. Pois, onde há o bem e a preposição dele, estaremos emanados e unidos. A esperança de um novo mundo é combater o ódio e todo tipo de intolerância e discriminação, a gente é mais forte, mais unidade, é um povo mais unidade quando passamos a nos respeitar com toda a nossa complexidade e diversidade”.

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