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Secretária Julie Messias aposta na integração entre Meio Ambiente e Economia para desenvolver o Estado

Com mais de 80% de cobertura florestal e 17 povos indígenas, o desenvolvimento econômico sustentável no Acre é um desafio para o poder público. E a vasta experiência da nova secretária de Estado de Meio Ambiente e Povos Indígenas, Julie Messias, é um fator positivo para que o governo do Acre alcance, nos próximos quatros anos de gestão, bons resultados para a área.

Escolhida pelo próprio governador Gladson Cameli (PP), para gerir a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Povos Indígenas (Semapi), Julie já ocupou importantes cargos no Ministério do Meio Ambiente (MMA), onde foi diretora de Ecossistemas, secretária nacional substituta da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais (DECO/SAS – MMA) e secretária nacional da Biodiversidade (SBIO/MMA).

“É um desafio voltar para casa, dentro da agenda que eu já tenho atuação há muitos anos. O passo inicial é reconhecer qual é a nossa vocação. Nós somos um estado com mais de 80% de cobertura florestal, então, nós temos um quantitativo muito significativo de pessoas que vivem na floresta, e um desafio muito grande, que é melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano [IDH] dessas pessoas”, pontuou a gestora.

O potencial econômico do Acre é fator positivo para o desenvolvimento, explica a Julie. “A gente tem um estado muito florestal, muito biodiverso. A gente tem que se apropriar disso”, ressalta.

Economia sustentável

Manejo sustentável da castanha nos seringais (Foto Pedro Devani Secom)

Em entrevista exclusiva para A GAZETA, a nova secretária disse que busca alternativas inovadoras, que estimulem a economia, ao passo que preservem o meio ambiente e gerem qualidade de vida.

“Não tem como pensar em meio ambiente sem pensar na própria economia. Como é que eu vou desenvolver mecanismos e alternativas inovadoras para que essas pessoas possam se desenvolver economicamente, socialmente e, ao mesmo tempo, que promovam a preservação e a conservação”, salientou a secretária.

Segundo Julie, além de atuar no combate aos crimes ambientais, é necessário oferecer alternativas sustentáveis para as populações da floresta. “Combater o ilícito ambiental, hoje, é o nosso maior desafio, mas, ao mesmo tempo, trazendo outros mecanismos para gerar o desenvolvimento dos nossos produtos madeireiros e não madeireiros”, frisou.

De acordo com a gestora, essa também é uma preocupação de Gladson Cameli. “E o maior pedido que o governador tem feito é esse: alternativas de desenvolver, socialmente e economicamente, as pessoas que estão na floresta, sem que eu esteja punindo o tempo todo. Vamos combater os ilícitos ambientais, mas, é preciso oferecer uma alternativa viável a essas pessoas”, endossou.

Povos indígenas

Respeitada pelas lideranças indígenas, a nova secretária aposta no diálogo com os povos indígenas para alcançar resultados satisfatórios e que contemplem todos os povos do Acre.

“O primeiro passo é não dar uma canetada sem escutá-los. Até porque eu fui muito bem recebida pelos povos indígenas, tenho uma atuação de muito anos, não só com as lideranças indígenas do Acre, mas dos demais estados da Amazônia e em nível global”, ponderou a gestora.

Entre as novidades gestão de Julie, na Semapi, está a criação do Comitê Estadual de Povos Indígenas. “O nosso primeiro passo é estabelecer um Comitê Indígena, trazendo uma representação, uma liderança de cada uma das nossas etnias. Dentro desse comitê, vamos discutir o que vai ser essa política indígena”, afirmou.

Liderança

Fórum é composto por representantes dos nove estados da Amazônia Legal. Foto: Divulgação/GCF

Na última quinta-feira, 26, a secretária de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas foi eleita para presidir o Fórum de Secretários do Meio Ambiente da Amazônia Legal. A decisão ocorreu em uma reunião do Fórum junto ao Comitê Diretivo da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force) em Brasília, no Ministério do Meio Ambiente (MMA).

A escolha foi por unanimidade e contou com o voto de todos os gestores de Meio Ambiente da Amazônia Legal. A secretária do Maranhão, Raysa Queiroz, assumiu a vice-presidência.

“Aceitei a indicação, pois acredito na atuação em conjunto, especialmente frente aos desafios comuns que temos. Juntos estaremos em busca de mecanismos que gerem conservação e desenvolvimento para nossas florestas e povos. Estabelecemos uma ferramenta de aproximação, atuamos como unidade, embora tenhamos particularidades distintas e visões políticas de contextos diferentes”.

Quem é Julie Messias

Reunião da gestora com órgãos de defesa (Foto: Secom)

Formada em comunicação Social e mestranda em Mudanças Climáticas, a nova gestora de uma das pastas mais importantes do governo do Acre vem de Cruzeiro do Sul, sua terra natal, e possui experiência há mais de 10 anos com projetos voltados à conservação dos ecossistemas, serviços ambientais, governança participativa, salvaguardas socioambientais, combate ao desmatamento e queimadas, desenvolvimento das cadeias de valor florestal, bioeconomia, REDD+, mercado voluntário de carbono, e políticas internacionais de mitigação dos impactos do clima.

Foi secretária nacional de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, secretária substituta da Amazônia e diretora de ecossistemas. Possui experiência há mais de 10 anos na área ambiental. Foi chefe da delegação brasileira na COP 15 de biodiversidade da ONU, e coordenadora do pavilhão do Brasil na COP Clima 27. Na COP 26, participou das negociações onde foi estabelecido o Marco para mercado global de carbono.

Já foi coordenadora da Força Tarefa dos Governadores pelo Clima, representando os estados da Amazônia. No seu currículo, segue a presidência e suplência de importantes espaços de governança do país, como a presidência do GTT de salvaguardas socioambientalistas do Padrão Nacional para REDD+ e coordenação do grupo de Avaliação Ambiental da Antártida.

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Maria Meirelles: